São Paulo, sexta-feira, 8 de abril de 1994 |
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Roma tem nova Capela Sistina
FEDERICO MENGOZZI
O status de "cidade aberta" dava à capital da Igreja Católica e da Itália a garantia de que seus monumentos seriam poupados. Os afrescos que Michelangelo Buonarroti executou ao longo de quase dez anos, em duas etapas, na capela construída entre 1473 e 1480 pelo papa Sisto 4º (daí o nome Sistina), marcam momentos fundamentais da história da arte. Nas cenas do Velho Testamento que pintou no teto da capela está o apogeu do Renascimento, enquanto no "Juízo Final", na parede do altar, hoje entregue novamente ao público após cinco anos de restauro, está prenunciado todo o Barroco, os dois movimentos que moldaram a face de Roma. Na primeira etapa da restauração, foram recuperados os afrescos de artistas florentinos e umbros (Botticelli, Perugino, Signorelli e outros) que ocupam as duas paredes mais largas da capela. Em 1981, começou a restauração do teto, com andaime móvel e métodos químicos. Basicamente, procedeu-se à limpeza das pinturas, cobertas por séculos de fuligem e afetadas por fatores climáticos, poluição e umidade. O trabalho, concluído em 1989, revelou um Michelangelo de cores brilhantes e claras, em contraposição aos meios-tons que se acreditava serem as cores originais. Antes, criticava-se a pouca sensibilidade do mestre com as cores. Na sequência dos trabalhos, de 1989 a 1994, chegou-se ao restauro do "Juízo Final", que evoca a segunda vinda de Cristo, para julgar a humanidade, e que o pintor francês Eugène Delacroix definiu "transtornante como um soco". No conjunto, 750 metros quadrados de pinturas, 520 metros do teto e 230 metros do "Juízo", que Michelangelo executou sozinho, em agonia ou êxtase, como lembra o best-seller de Irving Stone. O livro, adaptado para o cinema por Carol Reed ("Agonia e Êxtase", 1965), mostra a realização, entre conflitos com o papa e consigo mesmo, do teto da capela. O trabalho de restauração, estimado em US$ 4 milhões, foi financiado pela emissora Nippon Television Network, do Japão. Anualmente, 2 milhões de pessoas visitam a Capela Sistina, trocando dores no pescoço por alegrias estéticas. Se fosse necessário salvar dez obras para lembrar a passagem do homem sobre a Terra, a Capela Sistina estaria entre elas. Texto Anterior: Greve de 24h paralisa transporte em Paris Próximo Texto: Para visitar o Vaticano Índice |
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