São Paulo, segunda-feira, 11 de abril de 1994
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PFL exige fim do monopólio da Petrobrás

VALDO CRUZ; TALES FARIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A elaboração do programa comum de governo na aliança PSDB-PFL começou a causar polêmica entre os dois partidos.
O presidente do PFL, Jorge Bornhausen, disse em entrevista à Folha que o partido considera "prioritário" o compromisso do candidato FHC de flexibilizar o monopólio estatal do petróleo.
Mas as resistências no PSDB à proposta são tantas que, na revisão constitucional, a bancada federal do partido não conseguiu fechar questão a favor da flexibilização. "Isso é uma loucura", disse o deputado Jabes Ribeiro (PSDB-BA).
Bornhausen defende a flexibilização dizendo que um futuro governo FHC terá que garantir a retomada do desenvolvimento e, para isso, o país vai precisar de energia adequada e barata.
Em sua opinião, o caminho mais curto para a obtenção desta energia barata seria entregar a exploração do gás da Bolívia à iniciativa privada. Ele lembrou que o Banco Mundial já ofereceu um financiamento de US$ 2 bilhões para o projeto, desde que ele não caia nas mãos de uma estatal.
Para o líder pefelista, se a exploração do gás continuar como monopólio da Petróbras, o país vai enfrentar um "gargalo na retomada do desenvolvimento".
Para justificar sua posição, Bornhausen disse que as estatais estão sem recursos para grandes investimentos. Ele destacou que o gasoduto da Bolívia deve custar US$ 5 bilhões.
Perguntado sobre a divisão do PSDB quanto ao assunto, Bornhausen disse acreditar que FHC "tem a consciência de que sem essa flexibilização, especialmente sem essa solução do problema do gás, o governo dele corre o risco de não conseguir atingir a retomada do desenvolvimento".
Previdência
A mudança da Previdência Social é outro ponto que Bornhausen considera essencial constar do programa comum da aliança entre tucanos e pefelistas. O presidente do PFL disse que o atual sistema é um "gerador de déficits", o que pode inviabilizar o próximo governo.
Bornhausen afirmou que os dois partidos avançaram "consideravelmente" na busca de uma aliança. Mas acrescentou que ela "ainda não está selada", faltando fechar o programa comum de governo.
Hoje, ele recebe de uma comissão de economistas chefiada pelo deputado Gustavo Krause (PFL-PE) um documento com propostas para montagem de um programa de governo. O presidente do PFL disse que o texto será aprimorado politicamente e servirá de base para as discussões com o PSDB.
Muro de Berlim
Bornhausen afirmou que o "processo ideológico está absolutamente excluído desde a queda do muro de Berlim", como resposta aos que criticam a aliança entre o PSDB e o PFL. Ele prefere atacar o PT.
O pefelista disse que o Partido dos Trabalhadores quer manter os "privilégios nas estatais, a estabilidade no funcionalismo público indiscriminadamente. O PT está numa época pré-muro de Berlim".

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