São Paulo, sábado, 16 de abril de 1994 |
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Lula tenta amenizar programa de governo
CARLOS EDUARDO ALVES
Virtual candidato pede aos grupos do partido mapeamento das divergências e vai negociar pontos polêmicos Luiz Inácio Lula da Silva começará no próximo fim-de-semana a negociar com os grupos petistas os pontos polêmicos de seu programa de governo. Lula pediu aos líderes das correntes internas o mapeamento das divergências. "Na volta da viagem, Lula vai começar a negociar os pontos", disse Rui Falcão, vice-presidente nacional do PT. Lula, que está percorrendo o Maranhão em caravana eleitoral, quer evitar a radicalização de seu programa. O texto final do documento será votado no Encontro Nacional do PT, nos dias 29 e 30 deste mês, em Brasília. Falcão, líder do grupo ortodoxo que manterá a maioria política do partido, já dá sinais de que aceitará a ponderação de Lula. "Nós necessitamos ver o que dará mais credibilidade e governabilidade a Lula", disse Falcão. O dirigente evitou, no entanto, precisar o que entende por credibilidade e governabilidade. O virtual candidato petista tem insistido que quer um programa factível. Um dos pontos que permanece polêmico no partido é a questão da adoção ou não da moratória para a dívida externa. Falcão defende uma nova formulação para o capítulo da dívida. O texto atual admite a moratória, desde que fracasse a renegociação e seja diagnosticada "intransigência" dos credores. "Acho que cabe colocar mais claramente a questão da suspensão do pagamento", declarou Falcão. A dívida deve ser a mais difícil negociação interna de Lula, que diz preferir rediscutir o problema politicamente com os países credores. Alianças estaduais A Executiva do PT (instância de decisão inferior somente ao Encontro Nacional e ao Diretório Nacional) vetou ontem uma coligação com o PSDB na eleição para o governo do Ceará. O alvo da decisão foi o presidente do PSDB, Tasso Jereissati, provável candidato tucano no Ceará. Lula havia negociado recentemente com o governador Ciro Gomes (PSDB) a coligação dos dois partidos naquele Estado. "O curso à direita da cúpula do PSDB impede a aliança", disse Falcão. O petista acrescentou que a aliança do PFL com os tucanos foi a causa do veto. "Foi o Tasso quem patrocinou a ida do filho de Antônio Carlos Magalhães (deputado Luís Eduardo Magalhães) para vice do PSDB", acha. A política de coligações mais amplas nos Estados, que é defendida por Lula, sofreu duas derrotas ontem na Executiva. O PT ameaça retirar o apoio a Jackson Barreto (PDT), candidato a governador de Sergipe. O PP entrou na coligação que apóia Barreto e o PT não aceita a participação desse partido na frente. No Rio Grande do Norte, o pré-candidato petista, Fernando Mineiro, não quer retirar sua postulação para apoiar Vilma Faria (PSB). A Executiva ainda tentará convencer Mineiro a desistir, como quer Lula. Na Bahia, permanece a possibilidade de apoio ao PSDB, desde que os tucanos locais fiquem com Lula desde o primeiro turno. "Preferíamos que o candidato fosse Waldir Pires, mas não vetamos Jutahy Magalhães Jr.", disse Falcão sobre os dois possíveis candidatos tucanos na Bahia. Texto Anterior: A PROPOSTA DE JOBIM Próximo Texto: Candidato do PDT acompanha Lula no MA Índice |
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