São Paulo, sábado, 16 de abril de 1994
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Renegociação é uma troca de papéis

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Com a conclusão do acordo com os credores privados, fica praticamente toda renegociada a chamada dívida brasileira registrada –a que foi contraída até 1982, ano em que explodiu a crise mundial dos países devedores.
O acordo fechado agora define condições mais favoráveis de prazos e juros para o pagamento do débito brasileiro. Na prática, a dívida será trocada por outra.
Essa dívida soma cerca de US$ 98 bilhões, contando com os US$ 52 bilhões do acordo de agora. Outros US$ 44 bilhões estão renegociados em acordos anteriores.
Restam cerca de US$ 2 bilhões, um valor residual a ser renegociado com o Clube de Paris, que reúne os países credores.
Esse acordo acontecerá após um acerto com o FMI (Fundo Monetário Internacional).
O FMI não deu aval para a renegociação da dívida brasileira com os bancos credores. Mas esses aceitaram fechar o acordo sem esse apoio formal do Fundo, que espera a introdução da nova moeda, o real, para avaliar melhor o programa de estabilização
Fechado e mantido o acordo com os credores privados, fica encerrado o período da História brasileira chamado de "crise da dívida".
Essa etapa se iniciou em 1982, quando os países subdesenvolvidos deixaram de conseguir pagar suas dívidas externas. Os juros altos praticados então haviam elevado demais o valor das dívidas.
A partir daí, devedores e credores passaram a tentar obter acordos que permitissem o pagamento da dívida sem consequências desastrosas para os países do Terceiro Mundo.
O acordo vai renegociar US$ 35 bilhões (na verdade, cerca de US$ 1,4 bilhão ficará de fora, devido a credores que ainda não aceitaram o acordo) da dívida brasileira com os credores privados externos.
As condições para a troca desse débito foram discutidas ao longo dos anos de 1992 e 1993, e aprovadas pelo Senado Federal.
Embora essa seja a parte do acordo mais conhecida, também serão renegociados US$ 17 bilhões de débito junto a agências externas de bancos brasileiros e juros atrasados da dívida. Ao todo, o acordo envolve US$ 52 bilhões.
A dívida brasileira está toda securitizada, ou seja, está na forma de títulos que podem ser negociados no mercado.

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