São Paulo, sábado, 16 de abril de 1994 |
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Inquérito liga bicho a grupo de extermínio
MARCELO GODOY
As principais provas estão anexadas ao inquérito 1.025/92, que investiga a morte de José Tomás Camelo, 32, o "Dunga". São fotos, fitas de videocassete, livros de contabilidade e depoimentos. Na tarde de ontem, o procurador-geral de Justiça, José Emmanuel Burle Filho, 50, pediu cópias desse inquérito para anexá-las ao dôssie que a procuradoria está fazendo sobre o bicho paulista. Os policiais gravaram em vídeo o entra e sai da fortaleza do bicheiro Flávio dos Santos, o "Flavinho", que domina o jogo no Parque Arariba e no Campo Limpo. A investigação está sendo feita pela Divisão de Homicídios e pela Corregedoria da PM. As provas foram conseguidas em uma operação conjunta dos dois órgãos em 93. A polícia estava investigando as mortes de Camelo, de José Antônio da Silva e do capitão da PM Aluísio Vieira da Silva. A gravação constatou que a segurança da fortaleza, na rua Lucílio de Andrade, era feita por Dozinete Gonçalves de Oliveira, 35, e Luis Carlos Rosa do Nascimento, o "Perninha", 27. Eles são suspeitos de serem os líderes de um grupo de matadores. Após a gravação ser concluída, as ruas próximas da fortaleza foram cercadas por 40 policiais. Foi apreendida a contabilidade de Flavinho com os pagamentos efetuados para Perninha e Oliveira. A lista de pagamento tem o papel timbrado do bicheiro. Os policiais também acharam dois carros roubados e detiveram 13 suspeitos. Perninha foi preso a 50 metros da fortaleza. Ele estava em uma oficina mecânica e sua função seria alertar a fortaleza das operações policiais. Perninha foi indiciado pela morte de Camelo. Oliveira foi indiciado pelo assassinato de José Antônio, que aconteceu em maio de 93. A polícia também suspeitava da participação desse grupo na morte do capitão da PM, mas não foram encontradas provas que ligassem os suspeitos a esse crime. Oliveira conseguiu o direito de responder ao inquérito de homicídio em liberdade. Perninha continua preso por assassinato. O inquérito 1.025/92 está no 3º Tribunal do Júri. Ele deverá retornar para a polícia no próximo mês e o bicheiro deverá depor no caso. Segundo a polícia, Flavinho já foi indiciado quatro vezes por jogo. Foi absolvido em três casos. "Ele (Flávio) teve o azar de não verificar os antecedentes desses homens. Bicheiro não contrata bandido", disse o banqueiro do jogo do bicho Ivo Noal, que age como porta-voz do bicho paulista. Noal também disse que pede para os meus funcionários atestados de bons antecedentes. Pedido O deputado federal José Dirceu (PT) pediu ontem à Procuradoria Geral da República uma investigação sobre a lista de policiais e políticos paulistas que receberiam propinas do jogo do bicho. Ele também enviou uma representação à Procuradoria Geral de Justiça estadual contra o secretário da Segurança, Odyr Porto, que teria decidido não investigar a lista. "Tentaremos provar a autenticidade da lista para depois investigar seus nomes", disse o delegado Ruy Estanislau Silveira Mello, 44. Mello, que investiga o jogo paulista, disse que os bicheiros estão queimando arquivos. "A cúpula do jogo se reunirá no fim-de-semana para traçar rumos." Texto Anterior: Acaba greve na GM e no setor de autopeças Próximo Texto: Ministério Público deve denunciar Quércia ao STJ Índice |
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