São Paulo, segunda-feira, 18 de abril de 1994
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Déficit comercial é a ameaça

CARLOS ALBERTO SARDENBERG
DA REPORTAGEM LOCAL

No último ano de inflação alta, 1990, a Argentina conseguiu um saldo comercial de US$ 8,2 bilhões. No primeiro ano do Plano Cavallo, 1991, o saldo caiu para menos da metade, US$ 3,7 bilhões. E nos dois anos seguintes transformou-se em déficits de US$ 3 bilhões.
A importação aumentou porque a economia voltou a crescer; as tarifas de importação foram a zero, para impedir altas de preços internos; e o peso valorizou em relação ao dólar.
O ministro Domingo Cavallo tem dito que não se preocupa com o déficit comercial, já que tem entrado muito investimento novo. De fato, as reservas argentinas passaram de US$ 6 bilhões em 1991 para US$ 13,7 bilhões no ano passado.
Ocorre, entretanto, que essa entrada de dinheiro novo tem um limite e a economia não pode ser permanentemente deficitária. E aí o dilema: Cavallo não pode reduzir importações, porque isso aumenta preços internos; e não pode desvalorizar o peso, por
que isso faria uma enorme inflação.
A única saída é a modernização da indústria local, elevando sua capacidade de exportação. Mas isso leva tempo.
Há três anos os críticos do Plano Cavallo dizem que ele vai perder por aí. E o ministro Cavallo responde que, com o tempo, a economia vai se acomodar a esse peso valorizado e às tarifas baixas. Até aqui, ganha Cavallo.(CAS)

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