São Paulo, segunda-feira, 18 de abril de 1994
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Governo quer aprovação rápida para MP

EDIANA BALLERONI; SÔNIA MOSSRI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Ricupero quer aprovação rápida para MP
Ministro começa hoje a conversar com líderes no Congresso para garantir votação na próxima semana
EDIANA BALLERONI
Coordenadora de Economia da Sucursal de Brasília
SÔNIA MOSSRI
O ministro da Fazenda, Rubens Ricupero, vai desencadear a partir de hoje um trabalho de convencimento das lideranças partidárias para conseguir a votação da MP (medida provisória) da URV (Unidade Real de Valor) na próxima semana.
"Ricupero vai falar com todas as lideranças de todos os partidos e tentar mostrar que o plano agora é do Congresso. Quanto mais cedo ele for aprovado, melhor. As campanhas poderão sair às ruas", disse o líder do governo no Senado, Pedro Simon (PMDB-RS).
A intenção é votar e aprovar a MP na próxima semana, entre os dias 26 e 27. O próprio presidente Itamar Franco pedirá empenho de todos os ministros para mobilizar os seus partidos para a votação.
O ministro Ricupero ficou satisfeito com aprovação da MP da URV na comissão mista do Congresso que examinou a medida. Para o ministro, disse Simon, as mudanças feitas são assimiláveis pelo plano.
"O plano agora é do Congresso. E ele é bom para quem quer que seja o próximo presidente, pois tornará o primeiro ano de governo administrável", afirmou o líder do governo no Senado.
O governo esforça-se para aprovar a MP da URV em abril porque teme que o adiamento da votação para maio tornaria mais difícil manter os pontos de interesse do governo, como a pequena recomposição de perdas salariais.
Pela regra aprovada na comissão mista, somente as perdas salariais apuradas após a conversão dos salários em URV é que serão repostas.
A apuração das perdas será feita comparando-se os vencimentos em URV com o eventual salário que o trabalhador receberia se fosse aplicada a política salarial anterior.
Esse cálculo deverá beneficiar pouquíssimas categorias, entre elas a dos metalúrgicos do ABC paulista.
A avaliação do Planalto é que a votação em maio aumentaria o bombardeio da MP pelos aliados dos candidatos à Presidência, que já estariam com a campanha na rua.
O presidente Itamar considera que quanto mais tarde a MP da URV for votada pelo Congresso, maior será a identificação do plano como uma bandeira de campanha para os adversários da candidatura do ex-ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso.
Esse é também um dos temores de FHC, candidato do PSDB a presidente. FHC acertou com a cúpula dos tucanos que somente vai sair em campanha após a votação da MP.
O líder do PP na Câmara, Raul Belém (MG), amigo do presidente Itamar, disse que o Planalto está convencido da necessidade de mobilizar os parlamentares para a votação da MP da URV ainda em abril.
"As dificuldades seriam maiores em maio, quando o plano poderia se transformar numa bandeira dos demais candidatos à sucessão de Itamar para atacar a candidatura FHC", afirmou Raul Belém.
Os ministros da Indústria e Comércio, Élcio Alvares, e do Planejamento, Beni Veras, ambos licenciados do Senado, prometem uma presença maior no Congresso para convencer os colegas a votar a medida provisória em abril.

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