São Paulo, segunda-feira, 18 de abril de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

A utopia deverá virar realidade

BEN ABRAHAM

Em abril de 1943, teve início o levante do gueto de Varsóvia. Os jovens de todos os movimentos reuniram-se para lutar contra os opressores nazistas.
Cientes que não tinham possibilidade de vencer, lutaram para salvar a dignidade do povo judeu e conseguiram. Apesar de quase ninguém ter sobrevivido, os combatentes do gueto demonstraram ao mundo que o sangue judeu doravante não seria mais derramado em vão.
Com sua luta viraram a página negra que acompanhava os judeus e com sua morte registraram um novo capítulo da história do povo hebreu. Uma acusação escrita com seu sangue contra os que assistiram inertes ao extermínio de um povo. Salientando que a criação do Estado de Israel, a pátria de todos os judeus onde quer que se encontrem, se ergueu das cinzas dos seis milhões de judeus que pereceram no holocausto.
É verdade que o caminho foi espinhoso e cheio de sacrifícios; porém, a Volta a Sion devolveu ao nosso povo a liberdade e a dignidade, pisoteada durante milênios de diáspora.
Assim, os grupos neonazistas, com suas investidas esporádicas de anti-semitismo, e pronunciamentos dos pseudo-revisionistas, que pretendem modificar a história, não enfrentam mais os judeus de outrora.
Eles devem saber e ser cientes que os tempos mudaram: que o holocausto, que permanecerá vivo em nossa memória, ensinou-nos como agir. Seja através da divulgação e conscientização, seja através de outros métodos que eles porventura se atreverem a usar...
Nós, sobreviventes do nazismo, somos contra qualquer violência. Seja em nome do fanatismo, seja em nome do nacionalismo. Porém, não aceitaremos a responsabilidade coletiva pelos atos isolados cometidos por elementos irresponsáveis e nocivos à causa da paz.
Responsabilizar todos os árabes por atos cometidos por fundamentalistas, como todos os israelenses por um ataque isolado cometido por um elemento desequilibrado, seria baixar-se ao nível destes que em nome da sua religião perseguiam os judeus desde a época medieval.
Para que um dia seja alcançada uma paz permanente estes grupos devem ser neutralizados pela comunidade a que pertencem. Não devem ser poupados esforços para alcançar uma reconciliação que garantirá para todos que vivem nessa região o direito de viver em paz.
Desejamos que no Oriente Médio, onde o ódio predominava e ainda em parte predomina a razão, o bom senso prevaleça e que, no 50º Aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial, em 9 de maio de 1995, esta utopia torne-se realidade.

Texto Anterior: Rio Grande do Sul; Santa Catarina 1; 2; 3; Paraná 1; 2; 3; 4
Próximo Texto: PM vence os amotinados pelo cansaço
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.