São Paulo, segunda-feira, 18 de abril de 1994
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O suicídio de ídolos induz à morte de fãs?

DA REPORTAGEM LOCAL

Na última segunda-feira, três dias após Kurt Cobain ter se suicidado com um tiro na cabeça, um homem de 28 anos repetiu o mesmo gesto em Seattle.
Ele acabava de chegar da cerimônia que reuniu 5.000 pessoas em uma praça da cidade, em homenagem a Kurt. O motivo de seu suicídio, segundo seus amigos, foi a morte de Cobain.
O fato era esperado pela polícia de Seattle, que agora teme uma onda de suicídios por lá, motivados pela morte do ídolo.
O suicídio inspirado pelo gesto praticado por outras pessoas não está ligado somente à morte de ídolos. Personagens fictícios da literatura também inspiram este tipo de gesto.
Em 1774, o lançamento do livro "Werther", do poeta alemão Goethe, provocou uma onda de suicídios na Europa. Motivo: a identificação com o destino do personagem-título do livro, que se mata por amor com um tiro.
A epidemia de suicídios foi tão longe que várias pessoas, na maioria jovens, se mataram envergando casacos azuis e colete amarelo, as roupas que o personagem usava no final do livro.
A idéia do suicídio ou da morte na juventude causada por comportamentos autodestrutivos (principalmente pelo uso de drogas), já virou até lema.
É o caso da frase "Viva rápido, morra jovem e tenha um cadáver bonito", que estampou camisetas e virou adesivo.
A expressão foi criada após a morte de Sid Vicious, líder da banda punk Sex Pistols, que segundo uma das versões que explicam o caso, teria feito um pacto com sua namorada Nancy.
A versão diz que Sid matou Nancy e depois pretendia se matar, deixando de fazê-lo por falta de coragem.
No primeiro semestre de 1986, o número de adolescentes suicidas cresceu no Japão. A polícia atribuiu o fato à morte da cantora pop Yukiko Okada, então com 18 anos, que se jogou de uma altura de sete andares em Tóquio. Depois foram registrados 30 suicídios entre adolescentes no país.
Os números são ainda mais impressionantes quando se fala nos casos de morte de seguidores de seitas religiosas.
O mais famoso data de novembro de 1978. Foi o suicídio coletivo de 913 pessoas na Guiana.
Eram todos seguidores da seita Templo do Povo, do pastor norte-americano Jim Jones. Eles se envenenaram com cianureto, enquanto seu líder deu um tiro na própria cabeça.
Em abril do ano passado, um incêndio matou 85 seguidores do Ramo Davidiano, liderado por David Koresh.
Eles ficaram 51 dias sitiados em uma casa em Waco, no Texas (EUA), e terminaram se matando quando a polícia norte-americana fechou o cerco. O líder, que acreditava ser uma reencarnação de Jesus Cristo também morreu.
Pouco depois, deputados britânicos pediram o endurecimento no controle sobre seitas religiosas no país.

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