São Paulo, segunda-feira, 18 de abril de 1994
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Marilena Ansaldi lança livro de memórias

ANA FRANCISCA PONZIO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Para comemorar seus 40 anos de carreira, Marilena Ansaldi está lançando um livro de memórias – "Atos" – pela Editora Maltese.
Bailarina e atriz, Marilena marcou as artes cênicas brasileiras a partir de 1975, quando estreou o espetáculo solo "Isso ou Aquilo".
Com "Isso ou Aquilo" surgiu a questão: seria dança ou teatro? Marilena deu uma interpretação pessoal à associação das duas linguagens.
"Não fiz exatamente peças de teatro ou dança. Me apaixonava por autores ou personagens, como a escritora Clarice Lispector, Picasso ou o Zé Ninguém do psiquiatra alemão Wilhelm Reich e, aos poucos, idealizava roteiros, trilhas sonoras, espaços", ela diz.
Quando o espetáculo já estava quase todo estruturado, Marilena chamava um diretor com o qual tivesse absoluta afinidade. Agora, ela quer inverter papéis.
Seu próximo espetáculo, que não estréia junto com o lançamento do livro por falta de patrocínio, mostrará Marilena representando criações de sete diferentes diretores.
Mais do que um espetáculo, será um evento, intitulado "Marilena Ansaldi - 40 Anos de Palco". Ela espera estrear até agosto. O local já está confirmado: o Centro Cultural São Paulo.
José Possi Neto, Márcio Aurélio, William Pereira, Antonio Araújo, Cibele Forjaz, Luis Arrieta e Abílio Tavares são os diretores que Marilena vai reunir num mesmo espetáculo.
"É possível que Gabriel Villela também participe", comenta. Além do espetáculo, o evento no Centro Cultural incluirá exposição de fotos e mostras de vídeos.
"Quero correr novos riscos", ela afirma, lembrando que pertence a uma época em que se trabalhava apenas por paixão. "Cheguei a fazer espetáculos sem um tostão. Hoje o resultado financeiro virou prioridade."
O último espetáculo de Marilena esteve em cartaz entre o final de 91 e o começo de 92. Sozinha em cena como sempre, ela interpretou "Clitemnestra", inspirada em texto de Marguerite Yourcenar e com direção de Antonio Araújo."
O sucesso mais recente foi "Hamletmachine", dirigido por Márcio Aurélio em 87.
Mais uma vez, a personalidade cênica de Marilena prevaleceu sobre o texto do dramaturgo alemão Heiner Mller.
"Fiquei um pouco enjoada de mim mesma. Meu próximo espetáculo não seguirá linha nenhuma, nem quero que haja coerência entre as criações dos diretores. O mundo está cada vez mais insólito e é isso que eu quero expressar."
A maioria dos diretores escolhidos já trabalharam com Marilena. José Possi Neto, por exemplo, a dirigiu em "Sopro de Vida", baseado em Clarice Lispector.
Luis Arrieta não chegou a trabalhar diretamente com ela. Como relata em seu livro, Marilena o descobriu em Buenos Aires nos anos 70 e o trouxe para o Brasil, onde ele construiria uma bem-sucedida carreira de coreógrafo.

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