São Paulo, segunda-feira, 18 de abril de 1994
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Morrem 3 em comício de Mandela

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Três pessoas morreram pisoteadas por uma multidão e 21 ficaram gravemente feridas durante comício eleitoral de Nelson Mandela ontem em Athlone (perto da Cidade do Cabo, sul da África do Sul).
Foi o pior incidente deste tipo na campanha para as primeiras eleições multirraciais do país, que serão entre os dias 26 e 28.
Mandela, líder do Congresso Nacional Africano (CNA), é favorito para a Presidência. Havia cerca de 20 mil pessoas no comício, realizado num estádio.
Uma das vítimas do tumulto era um garoto de três anos de idade. Althona é um subúrbio habitado majoritariamente por mestiços, grupo em que o CNA está mal nas pesquisas de intenção de voto.
O tumulto que começou quando uma multidão tentou entrar no estádio após o começo do comício. Mandela foi retirado às pressas e mais tarde visitou alguns dos feridos num hospital local.
Em Johannesburgo, o Partido da Liberdade Inkatha suspendeu uma passeata que estava programada para hoje e que havia sido proibição pela polícia.
Liderado pelo chefe tribal zulu Mangosuthu Buthelezi, o Inkatha está boicotando as eleições, em aliança com os setores mais radicais entre os racistas brancos.
Charles Loliwe, líder da Brigada Jovem do Inkatha, ressaltou que a passeata será realizada em nova data, ainda não marcada.
Uma manifestação semelhante em Johannesburgo, em 28 de março, degenerou em violência entre partidários do Inkatha e do CNA, com 53 mortos.
A Província de Natal e o território de KwaZulu, palcos dos incidentes mais violentos deste ano, estão sob estado de emergência decretado pelo governo.
A violência política já deixou 15 mil mortos desde que o governo do presidente Frederik de Klerk decidiu abolir o apartheid (regime de segregação racial), em 1989.
Na semana passada, esforços para promover um diálogo entre governo, CNA e Inkatha com mediação internacional fracassaram.
O ex-secretário de Estado norte-americano Henry Kissinger e o lorde britânico Carrington, ex-mediador da paz na Bósnia, chegaram a ir à África do Sul para essas conversações, mas acabaram deixando o país de mãos vazias.

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