São Paulo, segunda-feira, 18 de abril de 1994
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Importar é o que exporta

Dados divulgados na semana passada pelo Ministério da Indústria, Comércio e Turismo revelam um crescimento significativo das importações no primeiro bimestre de 1994 em relação ao mesmo período do ano anterior. Mais notável é terem aumentado as importações de bens de capital em quase 30%. É um sintoma de que as empresas brasileiras procuram inserção maior no mercado internacional.
O aumento de importações de máquinas e equipamentos resulta de um esforço de modernização. Um dos maiores inimigos da competitividade é a obsolescência. Mais do que a simples reposição das máquinas, portanto, estão em jogo a eficiência e a competitividade do sistema produtivo nacional.
Confirma-se desse modo a tese, por anos combatida, de que a abertura da economia brasileira traria o aperfeiçoamento da indústria, em lugar da sua destruição. A redução de tarifas de importação é outro fator que ajuda a explicar esse aumento das compras externas.
Por muito tempo defendeu-se a idéia de que era preciso exportar a qualquer custo. Nos anos da crise da dívida e alta internacional dos juros, a geração de superávits no comércio exterior tornou-se prioridade do governo. Conter ao máximo importações, estimular exportações, às vezes com maxidesvalorizações do câmbio, era o preceito típico dos anos 80. Criou-se também outro slogan duvidoso e oportunista: exportar é o que importa.
A superação da crise da dívida, o patamar mais baixo dos juros internacionais e a abertura comercial definem hoje uma realidade totalmente distinta. Destaca-se a capacidade de resposta da indústria brasileira ao desafio da competitividade e da conquista de novos mercados.
Importar cada vez mais máquinas e equipamentos mais modernos é uma forma de se preparar para produzir com mais qualidade e, portanto, com maior competitividade –condição para exportar. Afinal talvez seja o caso de inverter a máxima de outrora para afirmar que, agora, importar é o que exporta.

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