São Paulo, quinta-feira, 21 de abril de 1994
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Quércia quer que PMDB deixe o governo

LUCIO VAZ

Ex-governador diz que o presidente Itamar não tinha 'o direito de tomar partido' da candidatura FHC

O ex-governador paulista Orestes Quércia (SP) defendeu ontem o afastamento do PMDB do governo Itamar Franco se ele for o candidato do partido a presidente da República.
"Quero que meu partido jogue longe do governo", disse Quércia. Ele afirmou que Itamar "pela natureza do seu mandato, não tinha o direito de tomar partido por uma candidatura. Isso coloca o PMDB numa situação difícil".
Informado de que Itamar pediu o apoio dos membros do seu governo a Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Quércia disse: "Colocar a máquina do governo a serviço do seu candidato é de uma ética discutível".
Quércia participa no dia 15 de maio da prévia do PMDB que vai indicar o candidato do partido à Presidência. Seus adversários são o ex-presidente e senador José Sarney (AP) e o ex-governador do Roberto Requião (PR).
O ex-governador de São Paulo propõe que o partido discuta a partir do dia 16 a sua relação com o governo federal. A decisão seria tomada pelo Conselho Nacional.
Na opinião de Quércia, a bancada do PMDB no Congresso deveria continuar apoiando os projetos do Executivo que interessam ao país. Mas todos os membros do partido deixariam os cargos que ocupam no governo.
Estados
O ex-governador conversou sobre este assunto com o líder do PMDB na Câmara, Tarcísio Delgado (MG), ontem pela manhã, no hotel Carlton, em Brasília. Ele recebeu parlamentartes e prefeitos do PMDB.
Quércia afirmou que tem situação tranquila em Minas Gerais e em Pernambuco, mas admite dificuldades no Rio Grande do Sul.
Rejeitado pelo PMDB de Porto Alegre, deverá visitar Pelotas no dia 6 de maio, a convite do prefeito Irajá Rodrigues.
Segundo levantamento feito por Rodrigues, 115 dos 1.667 prefeitos gaúchos já apóiam Quércia. "Confio na lealdade das bases do partido", comentou Quércia.
Ele rejeitou qualquer punição aos dissidentes. "Quero a unidade do partido", disse.
Perguntado sobre as declarações de Brizola sobre o caso Vasp (Brizola quer explicações sobre a privatização da Vasp), Quércia afirmou: "Eu já expliquei isso em conversas. Se ele quiser eu mando por escrito".
Quércia acrescentou que este fato não deverá prejudicar a aliança entre o PMDB e o PDT. "Eu também tenho críticas em relação ao governo do Brizola. Isso é normal", afirmou.
FHC
Interrogado sobre a boa posição do candidato do PSDB, Fernando Henrique Cardoso, nas pesquisas de opinião, comentou: "O Fernando Henrique não tem experiência. Não administrou nem carrinho de pipoca". Quércia já tinha usado o mesmo exemplo para Luiz Inácio Lula da Silva.
O ex-governador afirmou que "caso Israel" (denúncia de superfaturamento na importação de armas e computadores) não deverá abalar a sua candidatura.
"É um caso político. Pode haver desgaste, como querem meus adversários, mas vou responder tudo", afirmou.

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