São Paulo, quinta-feira, 21 de abril de 1994![]() |
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Melodramas exploram efeito do Holocausto
JOSÉ GERALDO COUTO
Na esteira do sucesso de "A Lista de Schindler", três desses melodramas chegam ao vídeo: "A Escolha de Sofia", "Alan e Naomi" e "Jonah que Viveu na Baleia". A pequena vítima, no caso, é o menino judeu holandês Jonah (Jenner Del Vecchio), mandado com os pais para uma prisão-albergue controlada pelos alemães. O problema do filme é não acrescentar quase nada à filmografia sobre o assunto, limitando-se a registrar convencionalmente o drama de Jonah e sua família. Depressivo e deprimente da primeira à última cena, vale talvez pelo aspecto documental, ao mostrar um pouco como foi a ocupação alemã na Holanda. Em todo caso, o filme ganhou o prêmio do júri do Festival de Moscou de 93. "A Escolha de Sofia" e "Alan e Naomi", ao contrário, abordam as consequências da barbárie nazista na vida posterior de seus sobreviventes. O primeiro, mais conhecido, é uma grande produção dirigida por Alan Pakula (de "Klute" e "Todos os Homens do Presidente") e rendeu o Oscar de melhor atriz a Meryl Streep. A história, baseada no romance homônimo de William Styron, é ótima. O jovem escritor Stingo, provinciano do Sul recém-chegado a Nova York, conhece e fica fascinado por um casal excêntrico: o brilhante cientista judeu Nathan e a polonesa Sofia, sobrevivente de um campo de concentração. Aos poucos, porém, revela-se a Stingo a realidade sobre cada um deles –e ela é muito diferente (e muito mais cruel) do que parece. O elenco também é de primeira –sobretudo Kevin Kline como Nathan e Meryl Streep como Sofia–, mas a direção de Pakula é de um convencionalismo atroz. As cenas concebidas pretensamente para mostrar a "loucura" do casal Nathan/Sofia parecem esquetes de televisão. A montagem não poderia ser menos inventiva. Só falta embaçar a imagem na hora de introduzir um flashback, como nos filmes mais quadrados dos anos 30. Em contraste, "Alan e Naomi", um filme muito menos pretensioso, exibe uma fluência e um frescor muito maiores, além de uma abordagem mais original. O que contribui para a leveza e simpatia que predominam no filme talvez seja o fato de ser narrado do ponto de vista de um menino judeu do Brooklyn nova-iorquino, Alan (Lukas Haas, de "A Testemunha"), que não viveu diretamente o drama da guerra. Ele vive esse drama de modo oblíquo, quando é convocado pelos pais a fazer amizade com uma garota judia da vizinhança, Naomi (Vanessa Zaoni), que o trauma de ver o pai ser morto pelos nazistas transformou quase numa autista. Para cumprir essa missão, ele entra em choque com seu próprio pequeno mundo: os amigos de escola, o beisebol de rua, os códigos de honra dos meninos do bairro. Seu drama é essencialmente um drama moral e de caráter. Não há nada de especial na maneira como esta história singela é conduzida pelo desconhecido diretor Sterling VanWagenen. Só o que existe é uma narrativa enxuta e competente, envolvida por um grande carinho pelos personagens. Poderia até ser um telefilme sensível e inteligente –se existisse tal coisa. Vídeo: A Escolha de Sofia Produção: EUA, 1982 Direção: Alan Pakula Elenco: Meryl Streep, Peter MacNicol, Kevin Kline Lançamento: Tocantins Vídeo: Alan e Naomi Produção: EUA, 1991 Direção: Sterling VanWagenen Elenco: Lukas Haas, Vanessa Zaoni Lançamento: LK-Tel Vídeo: Jonah que Viveu na Baleia Produção: Itália, 1992 Direção: Roberto Faenza Elenco: Jean-Hughes Anglade, Jenner Del Vecchio Lançamento: Condor Vídeo Texto Anterior: Heitor TP lança seu primeiro disco solo Próximo Texto: Atrito com Ike Turneracende o fogo de Tina Índice |
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