São Paulo, sexta-feira, 22 de abril de 1994
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D. Luciano recua e aceita a coligação PSDB e PFL

Presidente da CNBB se reúne com Fernando Henrique

EMANUEL NERI
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente da CNBB, d. Luciano Mendes de Almeida, já não critica mais a aliança entre o PSDB e o PFL em torno de Fernando Henrique Cardoso. Agora, diz ser favorável a alianças que garantam a "governabilidade".
Almeida se reuniu ontem durante 45 minutos com FHC, em São Paulo. No último domingo, ele afirmou que a coligação entre o PSDB e o PFL era um "casamento meio forçado". Para ele, as posições desses partidos "não coincidiam".
Após o encontro, o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil passou a usar argumentos muito semelhantes aos do candidato. Usou várias vezes o termo "governabilidade" para falar de coligações.
"A palavra-chave aqui é aliança e a resposta-chave é conteúdo", disse, ao falar do encontro. "O importante é que a aliança não seja só para garantir a eleição", afirmou.
Para o religioso, a disposição da Igreja é "examinar a aliança e fazê-la conhecida e aceitável porque é portadora de valores, de metas e de propostas".
Almeida se mostrou favorável a coligações que somem "valores e propostas em bem não só de uma candidatura mas da governabilidade" do país. O presidente da CNBB se queixou de distorções em sua declaração anterior sobre alianças.
"Faço um pedido para publicarem mais o que a gente diz do que os outros pensam". Disse que se referiu a alianças em "uma conversa e não entrevista" e que condenara apenas os acordos com fins eleitorais.
FHC recebeu do bispo uma lista de reivindicações da Igreja e prometeu incluí-las em seu programa de governo.
Os pedidos incluem atendimento para 30 milhões de brasileiros "exludídos das condições dignas de vida", reforma tributária, política agrária, educação e saúde.
FHC também insistiu na tese de que a aliança com o PFL tem como objetivo garantir a governabilidade do país. "Nenhum partido sozinho será capaz de mudar o Brasil", disse.
Após o encontro, o tucano foi almoçar em uma cantina no bairro do Bela Vista (centro de São Paulo). Na saída pediu dinheiro a um de seus auxiliares, Sérgio Motta, para dar de gorjeta ao manobrista do local.

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