São Paulo, sexta-feira, 22 de abril de 1994
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Pequena indústria conquista mais espaço

DA REPORTAGEM LOCAL

As pequenas empresas comemoram o impasse entre as grandes indústrias e os supermercados em torno dos preços urvizados e apostam em suas marcas.
É o caso da paranaense Blue Chemical, fabricante do sabão em pó Klip. Presente em quase toda a rede Pão de Açúcar, o produto começa a se tornar conhecido.
A intenção da empresa é disputar o segmento onde atua o sabão Campeiro, da Gessy Lever, que tem preço cerca de 20% inferior aos de Omo e Minerva 3, marcas top da multinacional.
Milton Neves, diretor da Blue Chemical, afirma que o Klip custa 15% menos do que o Campeiro.
"Entramos na brecha criada pelo plano econômico e conseguimos parceria com o Pão de Açúcar em função de preço", diz Neves.
A Blue Chemical produz cerca de 200 toneladas por mês de sabão em pó em São José dos Pinhais (Grande Curitiba). Seus preços já estão urvizados.
Os supermercados afirmam que não só por falta de opção entre as grandes marcas estão recebendo bem as novatas. Segundo Humberto Mendes, da rede Eldorado, "elas já atingiram a maioridade".
Mendes diz que o Código de Defesa do Consumidor gerou a preocupação com qualidade.
"Hoje essas empresas sabem que o mercado é exigente e procuram qualidade", afirma.
Vicente De Benedictis, gerente-geral da Agropecuária Tuiuti, de Campinas (SP), também ocupou uma das vagas criadas pelo plano.
Fabricante do leite longa vida Shefa, a empresa ocupou o espaço antes reservado às grandes, como Parmalat, Paulista, Nestlé e Vigor.
O longa vida Shefa está presente nas prateleiras das redes Makro, Paes Mendonça, Pão de Açúcar, Peralta e Sé.
"Estamos trabalhando 24 horas por dia. A produção está comprometida até o final de maio. Não temos mais como atender os pedidos", diz Benedictis.
O longa vida Shefa foi lançado em fevereiro passado. A empresa já produzia leite em saquinho. Benedictis afirma que seu preço em URV está cerca de 10% menor do que o das grandes processadoras.
Para Walter Mantovanini, vice-presidente de operações da Vigor, a escalada da pequena marca é normal em função de agilidade.
"A negociação entre supermercados e Parmalat, Paulista ou Vigor é muito mais complexa e difícil", diz Mantovanini.

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