São Paulo, sexta-feira, 22 de abril de 1994
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Hotel vira concentração de empresários

RICARDO SETYON
DE PARIS, ESPECIAL PARA A FOLHA

Um torcedor, menos informado, que passasse pelo saguão do luxuoso hotel Concorde-Laffayette nos três dias que a seleção ficou em Paris, pensaria que o Brasil estava de volta aos seus dias de glória.
A julgar pelo movimento no hotel, depois do empate (0 a 0) com o combinado Paris Saint-Germain/Bordeaux, ainda somos o "máximo" em futebol. Segundo os empresários, é claro.
"Nos ensina o caso do Zé Elias, do Corinthians, que estava de malas prontas para a Holanda, mas foi enganado por um desses empresários de meia pataca", diz um dos procuradores portugueses, que tentava conseguir uma opção de transferência ou uma procuração.
Ele, que negou-se a dar o nome, estava atrás de César Sampaio e de Muller, além de um contato mais assíduo com a seleção.
Já o angolano Walter Ferreira, afirmou sem hesitar: "Se o Brasil não for campeão mundial nos EUA, eu tenho um plano de trabalho que reabilitará seu futebol."
Impossível foi conseguir saber dele quais os jogadores que lhe interessavam.
Para o polonês Waclaw Palik, que trabalha em Verona (Itália), "o Brasil ainda não foi entendido pelos europeus. Estou dedicando grande parte do meu tempo ao seu futebol, porque acredito que o Brasil será imbatível. Mas para isso, o jogador brasileiro tem que ser mais eficiente".
Ao seu lado e próximo a Manuel Barbosa, empresário português que, além de ter sido o organizador do jogo Brasil x PSG, é procurador de Mozer, Aldair e outros jogadores em Portugal e no Brasil, estava José Roberto Gambassi.
O empresário, que mora perto de Barcelona, levou Baltazar para a Espanha, Luís Henrique para a França, Assis e Túlio para o futebol suíço. Diz que já transferiu jogadores da Catuense, da Bahia, para a Europa.
"Hoje eu poderia até mesmo encontrar um lugar para Branco e outros veteranos do Brasil", diz, reconhecendo que nunca tinha visto tantos empresários juntos em uma concentração brasileira.
O israelense Israel Maoz, residente na Bélgica, afirma: "Há 3 anos que vou frequentemente ao Brasil. Ainda vou conseguir transferir muitos jogadores."
"Ele ligava para o meu quarto a cada 10 minutos", diz Rivaldo que foi abordado pelo israelense na recepção do hotel.
O veterano empresário libanês Wadih Cury, radicado no Brasil, esteve no hotel para observar os movimentos dos concorrentes.
Apesar da movimentação, aparentemente nenhum negócio foi concretizado durante a passagem da seleção por Paris.

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