São Paulo, sexta-feira, 22 de abril de 1994 |
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Tensão na dívida A acelerada expansão da dívida pública é motivo de preocupação. Desta vez, porém, as tradicionais distorções e ineficiências administrativas do setor público não foram sua causa imediata. Conforme apurou ontem esta Folha, a forte elevação dos juros reais fez com que a dívida federal fora do Banco Central saltasse de US$ 43,7 bilhões em dezembro de 1993 para US$ 50,6 bilhões em março último. Juros altos contêm a demanda, mas constituem vultosos gastos para o governo. A elevada lucratividade dos títulos federais estimula também a entrada de recursos externos. Mas a transformação desses dólares em cruzeiros, para aplicação no mercado financeiro, faz elevar igualmente a dívida interna. Desde que o Plano Collor fracassou e seu governo passou a usar os altos juros como principal instrumento contra a inflação, ficou latente o risco de que o crescimento da dívida pública poderia tornar-se elemento de instabilidade. A administração da política monetária voltou a depender de um equilíbrio delicado. Se por um lado a aceleração da inflação pressiona por juros mais altos, de modo a segurar o consumo e evitar formação de estoques, por outro, o pagamento dos juros eleva a dívida, criando expectativas inflacionárias. Após dois anos de juros elevados, em 1991 e 1992, as taxas caíram significativamente em 1993, quando os juros reais chegaram a apenas 7% ao ano. Tal queda arrefeceu o ritmo de expansão da dívida e auxiliou a retomada do crescimento. Entretanto, a inflação ultrapassava 35% no mês de dezembro. Nos últimos meses os juros voltaram a subir, trazendo novamente a preocupação com a tamanho da dívida pública. Uma dívida de prazo muito curto –concentrada em títulos de aproximadamente um mês– e crescendo a uma velocidade excessivamente alta pode trazer sérias complicações ao processo de estabilização no médio prazo. Texto Anterior: Divisões no PT Próximo Texto: Bons antecedentes Índice |
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