São Paulo, quarta-feira, de dezembro de
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Blablablá

MARCELO BERABA

SÃO PAULO – É muito divertido acompanhar o comportamento e, principalmente, o blablablá dos candidatos neste início de campanha eleitoral.
O provável candidato ao PDT, Leonel Brizola, impôs condições para uma aliança com o candidato do PMDB Orestes Quércia. Ele quer que o ex-governador de São Paulo reexamine a privatização da Vasp. Para Brizola, a empresa foi comprada com cheques do PC.
A imposição ocorreu na terça-feira. No dia seguinte, Brizola, temeroso que a repercussão ameaçasse um acordo eleitoral, se apressou em explicar que não tinha dado um ultimato a Quércia. Ah, bom! Estava achando realmente esquisita a primeira notícia. Brizola defendeu o governo Collor, mesmo depois que estouraram os encândalos do caso PC.
Divertida também é esta sequência de reuniões do candidato do PSDB para segurar os tucanos inconformados com o PFL e para dar uma aura sofisticada para esta aliança. FHC já tinha pronunciado uma das melhores frases da temporada quando assumiu o ministério, ao pedir que fosse esquecido o que tinha escrito no seu tempo de cientista político.
É dele agora outra pérola, dita ao analisar a loucura das coligações partidárias que estão ocorrendo nos Estados: "Não se pode pedir ao candidato a presidente uma coerência que não existe no sistema". Ah, bom! Pensei que pudesse.
E as confusões do PT e de seu candidato, Lula, com a Igreja Católica? O programa inicial do partido incluía a legalização do aborto e o casamento entre homossexuais, duas propostas que demonstram o esforço de "aggiornamento" em um partido político, exceto se ele tem traços confessionais, como o PT. Conclusão: Lula teve que organizar uma caravana de visitas a bispos para explicar que não é bem assim. Hilário.
O troco veio no encontro da hierarquia católica em Itaici. Ao descrever o candidato ideal da Igreja, um dos bispos visualizou-o como "uma pessoa intelectualmente preparada e que tenha uma certa experiência das lides políticas". O bispo teve que dar nova entrevista no dia seguinte para explicar que não tinha excluído Lula quando fez a descrição do candidato ideal.
Cenas de comédia, não é mesmo?

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