São Paulo, quarta-feira, de dezembro de
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Elogio a Hitler compromete Lula?

GILBERTO DIMENSTEIN

BRASÍLIA – Na guerra de dossiês em andamento, desencavou-se uma entrevista de Luiz Inacio Lula da Silva à revista "Playboy" em 1979. Convidado a produzir uma lista de personalidades admiráveis, citou Adolf Hitler. É relevante?
Na entrevista, Lula ressalvou que discordava de Hitler, mas via nele qualidades: "O Hitler, mesmo errado, tinha aquilo que eu admiro num homem, o fogo de se propor a fazer alguma coisa e tentar fazer".
Não considero Lula em hipótese alguma um anti-semita. Duvido que ele repetisse tal frase, especialmente agora quando o mundo se comove com o filme "A Lista de Schindler". Mas há um fato: aos 34 anos, portanto já adulto, quando falou à "Playboy", a ignorância de Lula, resultado da carência escolar, levou-o a elogiar um dos maiores criminosos da humanidade.
Mas –vamos reconhecer– de 1979 para cá Lula melhorou. Por ser extremamente inteligente, aprendeu com os inúmeros debates, está cercado de intelectuais de nível e viajou pelo mundo.
Grave mesmo é partido, que, até hoje, não obteve consenso sobre a importância da democracia. Sei que, nesse momento, alguns leitores petistas já estão protestando. Só que baseio essa informação numa das estrelas intelectuais do PT: o professor Paul Singer, reconhecidamente sério e democrata.
Ele escreveu, em maio de 1993, numa publicação chamada "Carta Política", que seu partido divide-se diante de "questões-chaves como o compromisso com a democracia". Traduzindo: há grupos imaginando a ditadura como a melhor solução. Isso tudo depois da queda do Muro de Berlim.
Tem lógica, portanto, que o PT se alie sem traumas com o PCdoB, onde, até hoje, Stalin (outro criminoso da humanidade) é admirado. O que só deixa suspeitas sobre até onde vai, de fato, a sinceridade de Lula sobre a democracia.
Até porque entre seus ídolos está ainda Fidel Castro.
PS – Lula tem, agora, duas opções: 1) pede desculpas, dizendo que não sabia o que falava; 2) reafirma suas opiniões, aprofunda suas idéias e sustenta as qualidades daqueles ditadores. Só não pode ficar quieto.

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