São Paulo, domingo, 24 de abril de 1994
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PLANO ENFRENTA OBSTÁCULOS

PROBLEMAS
1) Inflação vive um momento de alta especulativa, em que preços sobem em URV. Além disso, quando for criado o real, há risco de aumento do consumo devido à queda da inflação.
2) Preços hoje se encontram desalinhados, ou seja, há produtos com valor acima de sua média histórica e outros abaixo.
3) O equilíbrio fiscal obtido no Congresso é considerado frágil. Faltam recursos para pagamento de pessoal e atender demandas dos ministérios.
4) Como a economia é toda indexada, há risco da inflação em cruzeiros reais acabar sendo repassada à futura moeda, o real.
5) É preciso evitar que o valor do real se distancie do dólar, para manter a credibilidade da moeda.
6) O governo precisa encontrar uma forma de dar garantia (lastro) ao real, e definir limites para a emissão da nova moeda.
REMÉDIOS:
1) Elevar os juros, estimulando a população a deixar o dinheiro em aplicações financeiras ao invés de partir para o consumo. Assim se evitam pressões sobre os preços.
2) Antecipar o anúncio da criação do real. Isso forçaria os empresários a ajustarem mais rapidamente seus preços em URV.
3) Controle rígido dos gastos públicos e do uso da máquina administrativa em campanhas eleitorais. Medidas fiscais mais profundas previstas para um eventual governo de FHC.
4) Preparar regras para converter os contratos em cruzeiros reais para o real. Só seria incorporada aos contratos a inflação existente até a troca da moeda.
5) Congelar o valor do dólar em real (US 1 = R 1), ou permitir somente uma pequena variação (exemplo: U 1 só poderia variar de R 0,9 a R 1,1).
6) Utilizar os dólares acumulados pelo Banco Central (reservas cambiais) como garantia. Ou seja, só seriam emitidos reais no valor dos recursos externos obtidos pelo país.
EFEITOS COLATERAIS:
1) Juros altos elevam o valor da dívida interna e comprometem o equilíbrio das contas públicas. A previsão de gastos com a dívida aumentou 140% do início do ano para cá.
2) Criação às pressas do real atropela a fase da URV, que deveria ser de transição. A economia entra no real sem a maior parte dos agentes econômicos terem aderido voluntariamente à URV.
3) Governo enfrenta pressões internas por verbas. Medidas mais profundas sofrem resistências políticas, tanto nos partidos como nas corporações estatais.
4) Regras para eliminação de resíduos da inflação podem provocar contestações judiciais, como ocorreu em outros planos. Bancos fazem pressão para não sofrerem perdas em seus créditos.
5) BC precisará gastar suas reservas para controlar o valor do dólar no mercado. Variações do dólar, mesmo pequenas, podem ser usadas como novos indexadores da economia.
6) Governo precisa garantir a entrada de recursos da economia, elevando os juros para atrair investidores estrangeiros. Ou seja, reduz-se a margem para redução dos juros.

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