São Paulo, domingo, 24 de abril de 1994
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As dúvidas persistem

SÔNIA MOSSRI ; GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Às vésperas da fase mais importante do programa econômico, a criação do real, a a assessoria do ministro da Fazenda, Rubens Ricupero ainda têm dúvidas.
As duas principais são: qual será a relação entre o dólar e o real e como será o mecanismo de garantia para a nova moeda.
A proposta de câmbio fixo, ou seja, o congelamento da paridade entre o real e o dólar (R$ 1,00 = US$ 1,00) é considerada a ideal para dar maior credibilidade à nova moeda.
No entanto, setores do governo, principalmente no BC (Banco Central), levantam que ele seria obrigado a intervir no mercado financeiro vendendo dólares sempre que a moeda norte-americana ameaçasse subir em relação ao real.
Com isso, haveria perda das reservas em dólar do BC, que atingem hoje US$ 36 bilhões.
Outra alternativa seria o BC arbitrar limites máximo e mínimo para a variação cambial.
Exemplo: US$ 1,00 poderia variar entre R$ 0,90 e R$ 1,10. Todas as vezes que o dólar ultrapassasse esses limites, o BC interviria no mercado financeiro.
Mas teme-se que a pequena oscilação do real em relação ao dólar sirva de argumento para que os agentes econômicos a utilizem como novo índice de correção de preços.
A emissão do real também é motivo de divergências. Até agora, o mais provável é a determinação de metas, mensais ou trimestrais, para o volume de dinheiro em circulação na economia.
A idéia de condicionar a emissão do real à proporção do ingresso de divisas internacionais nas reservas cambiais, semelhante ao plano argentino, a tornaria a por demais suscetível a qualquer alteração na conjuntura internacional.(Sônia Mossri e Gustavo Patú)

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