São Paulo, domingo, 24 de abril de 1994
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Pesquisa aponta falhas na rede de saúde de SP

GILBERTO DIMENSTEIN; GABRIELA WOLTHERS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Uma investigação do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) mostra um déficit de 30% nas equipes médicas e 40% no pessoal de enfermagem nos prontos-socorros estaduais e municipais da Grande São Paulo. A situação é agravada pelas constantes faltas ao trabalho.
O Cremesp também constatou que em 33% dos prontos-socorros municipais faltam medicamentos de urgência. Nos prontos-socorros estaduais esse índice é de 27%.
Para chegar a essas conclusões, o órgão visitou 13 prontos-socorros muncipais e 11 estaduais no período de 15 de dezembro de 1993 a 15 de março do mês passado. Esses prontos-socorros dão uma média de 3,8 milhões de consultas por ano –cerca de 10,6 atendimentos ao dia.
O Pronto-Socorro (PS) Municipal do Campo Limpo (zona sul de São Paulo) é um exemplo. Deveria haver 28 médicos por equipe de plantão. No dia 20 de dezembro de 1993, quando foi visitado pela fiscalização, só nove profissionais estavam trabalhando.
No PS municipal da Lapa, no dia da visita, em 15 de dezembro de 93, não havia sequer chefe de plantão. Só foram encontrados três médicos prestando atendimento. Descobriu-se ali que não havia pias nos consultórios.
Também foi constatada falta de organização. Na Unidade Básica de Saúde de Parelheiros (zona sul de São Paulo), dos cinco médicos, três estavam em férias no dia 20 de janeiro. Não havia substituição e não se encontrou chefia de plantão.
No Hospital Regional Sul, de competência estadual, na visita no dia 20 de dezembro de 93, 15 médicos estavam escalados, mas apenas oito compareceram.
No Hospital Municipal José Soares Hungria, na zona norte, nos finais de semana não havia médico clínico de plantão.
A cena de pacientes sendo atendidos em macas por falta de leitos também foi registrada pelo Cremesp em nove hospitais.
O pior atendimento foi constatado no PS do Hospital Municipal José Soares Hungria, em Pirituba (zona norte de São Paulo). Os pacientes são atendidos no chão por falta de camas e macas.
O Cremesp utilizou dois critérios para a fiscalização –registro de denúncias ou escolha de pontos estratégicos que revelassem a situação dos estabelecimentos.
Com essa investigação, o Cremesp quer deflagrar o movimento pela "ética na saúde". "As autoridades federais, estaduais e municipais têm neste conselho aliado permanente para coibir e revelar a política da fraude e da corrupção", registra o texto de lançamento da campanha.

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