São Paulo, domingo, 24 de abril de 1994
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Agência tem 1.500 clientes cadastrados

JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA

A Marriage Gay –que foi criada há oito meses– já tem 1.500 homens cadastrados, que buscam um "relacionamento duradouro".
Segundo o coordenador da agência, Márcio Aurélio, 25, a Marriage já recebeu mais de 10 mil consultas de homens de todo o país.
Ao se inscrever, o candidato traça um perfil do homem desejado: altura, cor dos olhos, porte físico etc. Segundo Aurélio, os homens mais velhos costumam procurar os mais jovens e vice-versa.
Depois de traçar o perfil do parceiro, o cliente recebe um "book" com fotos de homens que atendem as suas especificações.
A agência também estabelece o primeiro contato, que "geralmente acontece na praia ou em hotéis paulistas". Pelo serviço, a empresa cobra uma taxa (Aurélio não quis revelar o valor).
Depois do primeiro contato, a Marriage não acompanha os relacionamentos, mas, segundo Aurélio, é comum a agência receber cartas ou telefonemas de agradecimentos de casais "felizes com a união".
A união não tem valor legal porque as leis brasileiras não reconhecem o casamento de homossexuais.
Aurélio conta que muitos interessados que telefonam para a agência são tímidos. "A maioria reluta em assumir sua homossexualidade publicamente", afirma Aurélio.
Embora a agência esteja sediada em Londrina, quase 80% dos homens cadastrados são de São Paulo e Minas.
Para Aurélio, os paulistas procuram mais a agência porque em São Paulo o homossexualismo "é mais aceito". "O homossexual do interior se transfere para a capital em busca do anonimato da cidade grande."
Depois de São Paulo e Minas, os Estados de onde são enviados mais pedidos de cadastro foram Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e Paraná, "especialmente os curitibanos".
Segundo Aurélio, a Marriage é procurada por empresários, profissionais liberais e artistas. "A grande maioria tem nível universitário e boa situação econômica", diz Aurélio.

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