São Paulo, domingo, 24 de abril de 1994
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Palhinha troca o futuro profissional por dólares

Meia diz que se a proposta for boa, sai do São Paulo

MARCELO DAMATO
DA REPORTAGEM LOCAL

O meia Palhinha, do São Paulo, está decidido a sacrificar sua carreira em troca de dinheiro. A vinda de dirigentes do León, do México, para contratá-lo, apagou um pouco da frustração que sente em saber que não faz parte dos planos do técnico Carlos Alberto Parreira para disputar a Copa.
Palhinha procura o tempo todo falar que está satisfeito no São Paulo e que não quer sair do clube. Mas suas palavras o traem e indicam que seu objetivo é mesmo buscar a "independência" (financeira).
"Se me colocarem no banco vai até ajudar a minha venda. Seu eu for reserva significa que eu não sirvo mais para o clube", afirmou.
O jogador conversou ontem de manhã com Lupe Dias, treinador do León. Ambos não garantem o negócio, mas não negam que o comunicado oficial deve sair depois da eleição presidencial do São Paulo, que acontece no próximo dia 26.
Leia a seguir os melhores trechos da entrevista do meia Palhinha à Folha.
(MD)

Folha - Por que este ano você quase não tem repetido suas atuações do ano passado?
Palhinha - Não estou numa boa fase, não sei por quê. É preciso ter paciência para superar isso.
Folha - Quando os dirigentes do León vieram te procurar você disse que nada o prendia ao São Paulo. Você quer sair?
Palhinha - Não e não poderia ser diferente. Eu estou muito bem aqui. O São Paulo me dá tudo para que eu possa jogar bem. Só saio daqui se o negócio for bom para o São Paulo e bom para mim. Só saio para ganhar muito mais do que poderia ganhar aqui.
Folha - Domingo (hoje), você vai ficar no banco de reservas. Como você encara isso?
Palhinha - Com naturalidade. Não dá nem para pensar em reclamar com o Telê. Ele é o técnico, preciso respeitar seu pensamento e, além disso, devo muita coisa a ele. Agora, se me puserem no banco é porque acham que eu não sirvo mais para o clube e isso pode ajudar minha venda para o exterior.
Folha - Mas você não teme comprometer seu futuro na seleção indo para um país como o México, que quase não é observado pelos técnicos de seleção?
Palhinha - Eu já estou com 26 anos. Na Copa da França, em 98, vou ter 30. Posso fazer um contrato de três anos e depois voltar para qualquer clube daqui. Nesta hora, acho que preciso dar prioridade ao lado financeiro sobre o lado profissional.
Folha - Na Copa América, dizia-se que o técnico da seleção, Carlos Alberto Parreira, dedicava atenção especial a você. Mas hoje você está praticamente fora da Copa. O que aconteceu?
Palhinha - Isso você tem que perguntar a ele. Talves seja porque ele acha que eu não estou bem. Disseram que eu briguei com o Parreira. Nem que eu fosse a pessoa mais burra do mundo iria brigar com o técnico da seleção. Eu até tenho conversado algumas vezes com ele por telefone.
Folha - A contusão que você teve no início do ano (arrancamento de um pedaço do fêmur, osso da coxa) ainda te traz problemas?
Palhinha -Não, já está tudo bem.

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