São Paulo, domingo, 24 de abril de 1994 |
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Enterro de Nixon é quarta na Califórnia
FERNANDO CANZIANDE NOVA YORK
O funeral será realizado na Biblioteca Presidencial Richard M. Nixon. Ele será enterrado ao lado de sua mulher, Thelma Catherine Ryan (Pat), que morreu em junho de 1993. Conforme seu desejo, Nixon não será velado no Capitólio, onde nove presidentes americanos já foram homenageados. Seus desejos prévios também impediram os médicos na semana passada de prolongarem sua vida com o uso de aparelhos. Nixon foi o 37º presidente dos EUA e o único a renunciar ao cargo. Ele morreu às 21h08 de sexta-feira no New York Hospital-Cornell Medical Center, em Manhattan, em consequência de complicações causadas por um derrame cerebral sofrido no final da tarde de segunda-feira em sua casa em Park Ridge, Nova Jersey. O corpo do presidente já havia sido transportado para local ainda ignorado quando a notícia de sua morte foi divulgada, às 22h30 de sexta-feira. A biblioteca em Yorba Linda estará aberta à visitação pública entre as 15h de terça-feira e as 11h de quarta-feira. O presidente dos EUA, Bill Clinton, o senador republicano Bob Dole e o governador da Califórnia, Pete Wilson, deverão discursar durante os funerais. São esperadas personalidades de todo o mundo e centenas de pessoas para o enterro. A notícia de sua morte provocou reações em todos os EUA e no mundo na noite de sexta-feira e manhã de sábado. Minutos depois do anúncio da morte, o presidente Bill Clinton discursou nos jardins da Casa Branca. "O desejo (de Nixon) de oferecer alguma coisa de volta ao seu país e ao mundo foi uma lição sobre como manter a fé no futuro", disse. Richard Nixon foi uma das figuras mais controversas da história política norte-americana. Foi deputado, senador, vice-presidente, presidente e estadista para assuntos internacionais por quase 50 anos de vida pública. Ganhou duas eleições para presidente nos EUA e exerceu o cargo entre janeiro de 1969 e agosto de 1974, quando renunciou. No início de sua carreira empenhou-se na luta anticomunista e como presidente acabou com duas décadas de distância entre os EUA e a China. Com a ex-URSS, estabeleceu uma política conhecida como "viver e deixar viver". Durante a guerra do Vietnã, Nixon ordenou pesados bombardeios e passou anos perseguido por protestos. Seus críticos o chamavam de "Dick Trick" (Dick traiçoeiro). O episódio mais conhecido de sua carreira é o escândalo Watergate. O caso envolveu uma operação de espionagem, lavagem de dinheiro e mentiras preparados pelo partido de Nixon, o Republicano, contra o Partido Democrata em junho de 1972. As investigações no caso envolveram diretamente Nixon. Ele renunciou no dia 9 de agosto de 1974 para evitar um processo de impeachment. Permanceu 201 dias no cargo. Um mês depois, o país foi surpreso pelo perdão concedido a Nixon pelo seu vice-presidente, Gerald R. Ford, que o sucedeu no cargo. Sem o perdão, Nixon provavelmente seria preso, como foram 25 outras pessoas envolvidas no Watergante. "Eu deixei meus amigos e meu país caírem. Deixei cair nosso sistema de governo e todo o povo americano. Terei de conviver com isso para o resto da minha vida", disse anos após o episódio. Nos 20 anos que se seguiram, Nixon reemergiu na vida pública estreitando as relações dos EUA com outros países. Escreveu oito livros desde a renúncia. Texto Anterior: Laboratório cria um robô tapa-buracos Próximo Texto: Clinton pediu 'sábios conselhos' a predecessor Índice |
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