São Paulo, domingo, 24 de abril de 1994 |
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Dois erros
CARLOS HEITOR CONY RIO DE JANEIRO – Atordoado pelas pressões que vem recebendo, o procurador Antônio Carlos Biscaia está ameaçando renunciar. Ele não tem o direito de cometer dois erros seguidos: o de ter adiantado informações sobre as listas do bicho (falta de serenidade) e, agora, o de abandonar a luta que é sua função (falta de maturidade).Ele continua sendo a garantia de que alguma será provada no lamaçal do bicho. Se errou –e errou gravemente–, tem a obrigação de continuar no posto para reparar o erro e –separado o joio do trigo– promover o bem público, função para a qual é pago pelos cofres também públicos. Outro dia, pressionaram o deputado Hélio Bicudo para adiantar o seu parecer sobre o processo de cassação do deputado Ricardo Fiuza. Também membro do magistério público, adversário político e ideológico de Fiuza, bem que o relator podia ter feito média com a mídia, adiantando alguns pontos "quentes". Mas Bicudo simplesmente disse que é relator e que, no devido tempo, com a convicção que formar, relatará o caso. Pt saudações. Com Biscaia, o açodamento e o deslumbramento pela ribalta impediram a serenidade. Vazou –ou deixou que vazassem– nomes obviamente infiltrados nas listas para exploração política. Basta atentar para um deles: o JV que era tido como filho do ex-governador Brizola. Ontem, ao publicar o nome dos deputados suspeitos, o próprio "O Globo" não mencionou nem o filho de Brizola nem o JV inicial. Que "lista" é essa, afinal? O procurador Biscaia tem de continuar na função. Removê-lo, agora, será uma violência, até mesmo um crime. Mas ele próprio se remover é pior do que um suicídio: é uma tolice. Texto Anterior: Cassino emergente Próximo Texto: Jornalista não é avestruz Índice |
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