São Paulo, segunda-feira, 25 de abril de 1994
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'Mandela no poder significa comunismo'

DA REPORTAGEM LOCAL

Alguns teens brancos de Durban, cidade localizada na província de Natal, ao contrário das garotas da Cidade do Cabo (leia texto ao lado), discutem sobre tendências políticas no país.
Durban é marcante por ter grande concentração de população de origem indiana. Mas lá também há negros e brancos.
Numa pausa no jogo de vôlei em North Beach -praia mais badalada de Durban–, os garotos brancos Mark Sydney, 16, Warren Forbes, 16, e Justin Burns, 18, conversam sobre as eleições.
"Acho que o país deve ter regime democrático, mas não simpatizo com nenhum candidato", disse Justin.
Eles chegam em consenso quando tocam no nome de Nelson Mandela: "Se ele chegar ao poder, a África do Sul passa a ter regime comunista", pensa Justin.
Mark é descendente de holandeses. Warren e Justin, de ingleses. Para eles, as mudanças realizadas pelo presidente Frederik de Klerk eram necessárias.
"Só não concordo com a linha de Mandela. Ele propõe uma espécie de apartheid ao contrário, oferecendo tudo aos negros e nada aos brancos", argumenta Mark.
John Gregon Tarlton, 16, e Ricky Newman, 15, colegas de Mark, Justin e Warren, ouvem a conversa e concordam.
"O apartheid trouxe muitos problemas à África do Sul, que incluem desigualdade racial e sanções. Tornar o país democrático foi uma solução acertada", disse Ricky.
"Na campanha eleitoral que faz, Mandela promete mais do que pode dar", contestou Warren. "O ideal realmente é ter escola, saúde e educação a todos, mas o plano que Mandela tem é utópico demais para ser colocado em prática", pensa Mark.

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