São Paulo, terça-feira, 26 de abril de 1994
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Economistas acham que plano corre risco

CARLOS ALBERTO SARDENBERG
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Os economistas Mario Henrique Simonsen e Afonso Celso Pastore acham que o êxito ou o fracasso do Plano FHC dependerá exclusivamente das regras sob as quais o real será introduzido.
Para Simosen, em especial, o fato de a fase da URV ser mais ou menos longa não fará a menor diferença.
Simonsen, mais otimista do que Pastore em relação ao futuro do plano, acha que será necessário congelar a quantidade de reais a circular na economia.
Os economistas manifestaram suas posições ontem durante o 6º Fórum Nacional, promovido pelo ex-ministro do Planejamento João Paulo dos Reis Velloso. O fórum, que vai até quinta-feira, iniou-se ontem no Rio, na sede do BNDES.
"Por que tanta preocupação em passar tudo para a URV se a URV vai acabar?", perguntou Simonsen, ex-ministro da Fazenda e do Planejamento.
Para ele, todo esse debate em torno das conversões para URV obscurece o mais importante, que são as regras de introdução do real.
E como o governo não definiu essas regras, Simonsen e Pastore comentaram as possibilidades à disposição da equipe econômica.
Ambos foram muito críticos em relação ao modelo do Plano Cavallo, na Argentina, onde o câmbio é fixo na proporção de 1 peso para 1 dólar.
Pastore, muito pessimista em relação ao futuro do plano econômico, não chegou a oferecer sugestões pessoais.
Já Simonsen, que vê chances de sucesso nesse programa de estabilização, propôs: "Eu faria o controle quantitativo de toda a moeda em circulação". Pode ser violento, disse, mas é eficaz.
Os dois economistas entendem que qualquer que seja o regime cambial –o real tendo paridade fixa ou variável em relação ao dólar– será sempre necessário o equilíbrio fiscal, isto é, o equilíbrio das contas públicas.
Também concordam que, em regime de estabilidade, o Banco Central terá que mudar toda sua política monetária. Ou, como disse Pastore, tudo dependerá da qualidade da política econômica a ser aplicada com o real.
Só que Pastore, ao contrário de Simonsen, acha muito difícil que haja essa boa política.

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