São Paulo, terça-feira, 26 de abril de 1994
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Promotores vão ouvir 10 testemunhas

FREDERICO VASCONCELOS

FREDERICO VASCONCELOS; MÁRIO SIMAS FILHO
EDITOR DO PAINEL S/A

MÁRIO SIMAS FILHO
O MPE (Ministério Público Estadual) começará a ouvir na próxima semana dez testemunhas no inquérito sobre as importações de Israel no governo Orestes Quércia.
Na condição de "investigados", o ex-governador e o ex-secretário de Ciência e Tecnologia Luiz Gonzaga Belluzzo poderão oferecer por escrito suas defesas.
O inquérito apura danos ao patrimônio público por suspeita de superfaturamento na importação de equipamentos para a Unesp (Universidade Estadual Paulista).
A compra foi no valor total de US$ 40 milhões, que representa um custo pouco maior que a despoluição do rio Pinheiros, orçada em US$ 35 milhões.
A investigação dos promotores Waldo Fazzio Júnior, José Lino Brito e Márcio Fernando Elias Rosa foi aberta com a perícia que comprovou o superfaturamento.
A primeira testemunha é o professor Armando Laganá, da Escola Politécnica da USP. A pedido da Folha, ele fez as primeiras comparações revelando o sobrepreço.
O segundo a depor será o ex-consultor jurídico da secretaria de Ciência e Tecnologia, Carlos Alberto Americano.
Ele deu parecer contra a operação, pois estranhou que as listas de preços e de equipamentos não constavam do contrato.
O MPE também vai ouvir Artur Macedo (reitor da Unesp), Paulo Landim (ex-reitor) e Oduvaldo Vendrameto, diretor do Centro de Educação Técnica Paula Souza.
Prestarão depoimentos três representantes da Trace Trading Company, empresa que intermediou a importação -sem licitação- para o governo do Estado.
Serão ouvidos Arie Halpern, principal executivo da empresa, Mario Ungar, diretor que firmou os contratos, e José Carlos Coimbra, um ex-funcionário da antiga Cacex e ex-presidente da Trace.
Por parte do governo estadual, serão ouvidos o ex-chefe de gabinete de Belluzzo, Fernando Galvão, e o ex-coordenador do Grupo de Planejamento Setorial, Júlio Rufino de Souza.
O MPE não incluiu nas investigações as importações realizadas pela Secretaria de Segurança Pública na gestão do atual governador Luiz Antonio Fleury Filho.
O inquérito apura apenas eventuais prejuízos causados pela compra de equipamentos para a Unesp. Não alcança também as compras para a USP e Unicamp.
O critério adotado pelo MPE foi o de investigar apenas o contrato cujos equipamentos foram submetidos à perícia criminal.
No final do ano passado, uma perícia da Polícia Federal, com apoio de três cientistas convocados pela Justiça, comprovou superfaturamento de 343% nos equipamentos da Unesp.
A perícia comparou equipamentos iguais aos adquiridos -a preços inferiores- pela Mercedes-Benz do Brasil. A Trace foi a mesma intermediária das duas compras.

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