São Paulo, terça-feira, 26 de abril de 1994
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Lula não vê necessidade em acordo com FHC

DA REPORTAGEM LOCAL E DA AGÊNCIA FOLHA, EM GOIÂNIA

O pré-candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, recusou ontem qualquer possibilidade de encontrar-se com Fernando Henrique Cardoso para fazer um trato de não-agressão durante a campanha.
"A não-agressão é uma questão de ética e nossa campanha será ética, como foi a de 1989", disse Lula ao saber da proposta feita na semana passada por FHC, pré-candidato do PSDB à Presidência.
"Nunca recusei conversar com Fernando Henrique, mas esse trato ele deve propor a outro candidato e não a mim", disse Lula.
Sobre os pontos polêmicos encontrados no pré-programa de governo do PT, que serão debatidos no Encontro Nacional do partido, nos dias 30 e 1º, em Brasília, Lula disse estar tranquilo.
Segundo ele, "onde não há consenso o PT decide no voto. Essa é a prática de um partido democrático".
As declarações de Lula foram dadas em São Paulo, logo que chegou de Goiânia (GO), onde encerrou sua 6ª caravana eleitoral.
Em Goiânia, Lula concedeu entrevista coletiva e quando foi perguntado se não temia que o PT aprovasse pontos do pré-programa como a legalização do aborto respondeu: "Já disse 50 vezes à Folha que defendo essas coisas não como coisas de programa de governo, mas sim de programa de partido. São coisas para mudança de legislação. Acho que é isso que vai prevalecer no encontro".
O professor da Unicamp José Graziano da Silva, assessor de Lula para o programa de governo, prevê que serão retirados do programa a legalização do aborto e o casamento de homossexuais.
Ele afirmou que o programa não deverá estabelecer a quantidade de famílias a serem assentadas pela reforma agrária em um eventual governo de Lula.
Durante a entrevista, Lula ficou irritado quando um jornalista perguntou em que contexto ele havia declarado à revista Playboy (1979) que admirava o aiatolá Khomeini e Adolf Hitler.
A Folha publicou trechos da entrevista, na semana passada. "Prefiro que o senhor compre a Playboy e leia", disse Lula ao jornalista.
"Não vou perder tempo com isso. Estranhei que um jornal como a Folha viesse com uma coisa sem pé e sem cabeça como essa", afirmou.
Lula também fez ataques ao prefeito Paulo Maluf, de São Paulo. Segundo Lula, Maluf "é um despreparado".
Ele fez a acusação após pergunta sobre uma declaração de Maluf de que, apesar de representar os trabalhadores, Lula não trabalha.

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