São Paulo, terça-feira, 26 de abril de 1994 |
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Salão Internacional privilegia simplicidade
MARILI BRANDÃO
O evento contou este ano com cerca de 1.900 expositores, divididos em 320 mil metros quadrados de área. Paralelamente ao salão, foi realizado o 17º Salão Internacional de Iluminação (leia artigo abaixo) e o 8º Salão de de Complemento de Decoração. Uma novidade este ano é a criação do Centro de Pesquisa de Tendências da Decoração, que deverá servir aos interessados nos rumos que o mercado de decoração e design deve seguir. Mais que inovações na técnica e na utilização de materiais, o salão trouxe esperanças para um setor que começa a sair de uma dura crise, que resultou na proliferação de produtos de linhas simples, clássicas e de aceitação mais fácil, além de ser orientado para responder a uma nova ética de consumo, baseada na economia, na escolha dos produtos e no não exibicionismo. O design é hoje direcionado a um público que procura um móvel que transmita segurança, memória e durabilidade. Cada vez mais os produtos devem ser a resposta para problemas relacionados a preço, qualidade e funcionalidade. Existe ainda uma tendência para a simplificação da decoração, o retorno às linhas básicas, a procura de materiais naturais que transmitam respeito ao meio-ambiente e às preocupações ecológicas. Segundo pesquisa realizada pelo instituto Eurisko para a empresa Assarredo, 96% dos italianos procuram no móvel características de funcionalidade, robustez e praticidade. Nesta pesquisa aparecem dois estilos de decoração: o funcional vinculado (estilo metropolitano, casa pequena, rendimento baixo, móveis racionais, de pequena dimensão e econômicos) e o estético personalizado (habitante de grandes centros urbanos, de alto rendimento e cultura, com casas grandes, privilegia propostas refinadas mas sem excessos, aprecia o design desde que esteja ligado a um projeto pessoal). No público consumidor se nota uma grande liberdade na decoração, onde convivem o clássico com o tecnológico, o étnico com o moderno etc. Tende ainda a desaparecer a divisão rígida entre espaços de uso privado e de uso público e por isso aumenta a procura por produtos polifuncionais. A novidade deste ano em relação ao ano passado –que já mostrava tendências a uma estética minimalista– é a complexidade tecnológica dos produtos. Uma luminária de parede de forma bastante comum pode ser produzida em material à base de silicone que a faz maleável e inquebrável. A luminária de Philippe Stark que possui uma cúpula quase à moda antiga feita como uma saia de tecido, possui as hastes em policarbonato e um controle de quantidade de luz altamente sofisticado. A cor de um abajur muda com o subir e o descer de sua cúpula. A Kartel, que produz móveis em plástico, transformou este ano a estante de Ron Arad –produzida no ano passado em metal e destinado a um público que aprecia produtos de vanguarda– em uma estante de plástico a um preço compatível com o grande público. É uma prova de que quando a vanguarda possui um conceito forte em suas propostas, resiste a uma produção seriada. Uma cadeira de Philippe Stark, produzida para a Driade, deve custar ao público em média CR$ 150. Mesmo a pesquisa tecnológica se orienta não para a procura de novidade na técnica, mas para novos serviços e diminuição no preço. Texto Anterior: 'Peer Gynt' sonha com o teatro impossível Próximo Texto: Iluminação deve ser seletiva Índice |
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