São Paulo, quarta-feira, 27 de abril de 1994
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Produção continua em alta, revela Ipea

CARLOS ALBERTO SARDENBERG
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

A economia brasileira continua em crescimento, embora em ritmo menor do que no ano passado.
No primeiro trimestre deste ano, o PIB (Produto Interno Bruto, conjunto de bens e serviços produzidos no país) cresceu 4,3% em relação ao mesmo período de 1993. É uma taxa pouco menor que a acumulada no ano passado, de 4,9%. Houve também aumento real de salários.
Os dados são do Ipea (Instituto de Pesquisas Econômicas, que é ligado ao Ministério do Planejamento) e foram divulgados ontem por um dos seus coordenadores, Claudio Considera, no 6º Fórum Nacional, um encontro de debates promovido pelo ex-ministro João Paulo dos Reis Velloso, no Rio.
Considera disse que o Ipea prevê um arrefecimento no segundo trimestre do ano.
Para todo este ano, o Ipea prevê um modesto crescimento do PIB, de 2,6%. É uma redução significativa em relação ao ritmo atual da economia.
Nos 12 meses concluídos em março último, o produto cresceu 5%. As previsões não consideram eventuais efeitos do plano de estabilização econômica.
Claudio Considera observou que essa queda de ritmo de crescimento, ocorrendo já neste segundo trimestre, pode ajudar o plano de estabilização. Uma economia muito aquecida, com vendas em expansão, favorece os aumentos de preços e, pois, a inflação.
Outro fator que pode ajudar o plano é a tendência da inflação. Para o Ipea, a inflação é cadente ou no mínimo estável até junho, pelo menos. O que contribuiria para a escolha de 1º de julho como data para a entrada do real.
Os salários reais tiveram um crescimento expressivo de 10% no primeiro trimestre de 1994, em comparação com o mesmo período de 1993. A massa salarial (conjunto de salários pagos) cresceu 6% .
A produção da indústria brasileira, que cresce mais modestamente do que no ano passado, apresenta um desequilíbrio qualificado de inédito pelos especialistas.
Nos 12 meses concluídos em março último, a produção de bens de consumo duráveis (como eletrodomésticos) cresceu espantosos 43%. E a produção de bens não-duráveis, que inclui alimentos, decresceu 2%.
Esses dados foram confirmados em pesquisa da CNI (Confederação Nacional da Indústria) também apresentados ontem no Fórum Nacional. Por essa pesquisa, no ano passado, a produção de bens duráveis cresceu 70%, a de não-duráveis, 9% e de bens de capital (máquinas), 28%.
Os setores com crescimento mais expressivo foram da indústria automobilística, que continua em ritmo forte, e de eletrodomésticos. Para a CNI, a indústria deve crescer 3,8% neste ano, ou mais do que isso se o plano der certo. Para o Ipea, a indústria cresce 1,7%.
Os economistas presentes no Fórum tentaram várias explicações para o desequilíbrio da indústria, mas a melhor saiu em forma de piada: o pessoal parece estar certo de que terá dinheiro para a comida (não-durável) e está comprando a geladeira por con
ta.

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