São Paulo, quarta-feira, 27 de abril de 1994
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Médicos brasileiros defendem o silicone

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica não vê razões para suspender o uso de próteses de silicone. A sociedade reúne 2.500 cirurgiões plásticos no país.
Na segunda-feira, os principais fabricantes de próteses de silicone dos EUA anunciaram a criação de um fundo para indenizar pacientes prejudicados pelo produto. A decisão, firmada na Justiça, vale para pessoas do mundo todo.
"Não há embasamento científico para se dizer que o silicone causa algum mal à saúde", disse Ithamar Nogueira Stocchero, 43, diretor da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
Segundo ele, a sociedade, a Associação Médica Brasileira e a Associação Paulista de Medicina fizeram dois fóruns em 92 sobre o tema.
"Concluiu-se que não havia motivos para suspender o uso das próteses de silicone", afirmou.
Para Francisco Gallotti, diretor do Sindicato dos Médicos de São Paulo, as empresas indenizarem os pacientes "é um reconhecimento de que há problemas".
Segundo Stocchero, as próteses vêm sendo usadas por milhões de pessoas nos últimos 30 anos.
Nenhum caso de câncer foi ligado ao uso da prótese. Segundo o médico, um estudo canadense mostrou o contrário: mulheres com próteses de silicone apresentavam índice menor de câncer da mama.
Stocchero diz que a relação entre a prótese e a artrite, levantada em estudos experimentais, ainda não foi confirmada.
Os cirurgiões plásticos, no entanto, reconhecem que parte das pessoas sofre um endurecimento da cápsula que envolve a prótese. A pessoa precisa trocar a prótese ou submeter-se a uma cirurgia para romper a membrana endurecida.
Nos EUA, a fabricação e utilização de próteses de silicone está proibida desde 92 pelo FDA, órgão do governo que controla alimentos e remédios.
Muitos países adotaram a posição norte-americana, proibindo o uso. Outros, entre eles o Brasil, a França e o Japão, concluíram que não há riscos para a saúde.
"As pessoas que utilizam ou pretendem utilizar a prótese podem ficar tranquilas", disse Stocchero, em nome da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.

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