São Paulo, quarta-feira, 27 de abril de 1994
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Ajudar o próximo é contemplar Deus

PAULO COELHO
COLUNISTA DA FOLHA

O abade João Pequeno pensou: "Preciso ser igual aos anjos, que nada fazem, e vivem contemplando a glória de Deus". Naquela noite, abandonou o mosteiro de Sceta e foi para o deserto.
Uma semana depois, voltou. O irmão porteiro escutou-o bater à porta e perguntou quem era.
"Sou o abade João", respondeu. "Estou com fome".
"Não pode ser", disse o irmão porteiro. "O abade João está no deserto se transfomando em anjo. Já não sente mais fome e não precisa trabalhar para se sustentar".
"Perdoe meu orgulho", respondeu o abade João. "Os anjos ajudam os homens. Este é o seu trabalho e, por isso, contemplam a glória de Deus. Eu posso contemplar a mesma glória, se ajudar meu próximo".
Ouvindo o gesto de humildade, o irmão abriu a porta do convento.

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