São Paulo, quarta-feira, 27 de abril de 1994 |
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Peça reúne Gismonti e textos do Padre Vieira
JAIR RATTNER
A defesa dos índios é o ponto político de união entre o padre Vieira e Gismonti. A peça começa no Maranhão, local em que o padre Vieira foi expulso pelos colonos por defender os índios da escravidão, apresenta o processo que ele sofre perante a Inquisição por defender um melhor tratamento para os judeus e trata de sua atuação na corte da Rainha Cristina da Suécia, no período em que esteve em Roma. O texto é uma afirmação da modernidade do padre Vieira. Nascido em 1608 em Lisboa, foi pregador real e chegou a representar Portugal como embaixador na França e na Holanda. Preso pela Inquisição durante 26 meses, foi proibido de pregar e obrigado a permanecer em reclusão até a sua morte, em 1697. Na peça, Luísa Costa Gomes procura realçar os pontos de atualidade dos textos, como a preservação dos índios ou a defesa de um melhor tratamento para os judeus. Na música, Egberto Gismonti apreenta o que chamou de "imagem sonora do Brasil étnico". Procurou dar à modinha brasileira o sabor do fado, junto com sons que lembram os índios. No primeiro andamento, há uma única nota que se prolonga por sete minutos e é tocada por oito instrumentos diferentes –o que chamou de linha do horizonte. Na representação, ocorre uma substituição da tensão dramática pela declamação. A música e o cenário conseguem belos efeitos, algumas vezes estragados por alguns adereços, como as personagens vestidas com roupas do século 17, usando óculos escuros. Texto Anterior: Sociedade brasileira carece de rancor cívico Próximo Texto: Parreira é índio porque adora reserva! Índice |
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