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Do enviado especial
CLÓVIS ROSSI
DO ENVIADO ESPECIAL
A África do Sul tornou-se multirracial na TV antes mesmo de terminar a primeira eleição aberta à todas as raças. O telejornal especial das 18h de ontem (13h em Brasília) foi emitido em conjunto pelos dois canais da TV estatal, em sete idiomas. Além dos tradicionais inglês e africâner, os locutores falavam também zulu, xhosa, sesotho, setswana e sepedi. Ou cinco dos nove dialetos negros. O arcebispo anglicano e prêmio Nobel da Paz de 84, Desmond Tutu, festejou a primeira eleição multirracial em seu país. "É como andar nas nuvens ou ficar apaixonado", disse. A polícia, ainda sem pistas dos terroristas que puseram as bombas dos dois dias anteriores à eleição, divulgou ontem o retrato-falado de um suspeito. É loiro, de barba e cabelos longos. Deu também o telefone para informações. Valem um prêmio de 1 milhão de rands (cerca de US$ 285 mil). Terrorismo e instabilidade costumam deprimir os negócios em qualquer lugar do mundo. Menos na África do Sul. O fato de a votação ter começado fez explodir a Bolsa de Johannesburgo: subiu 172 pontos ontem (3,3% sobre o fechamento de segunda). Também a inflação não dispara com a confusão. Anualizado, o índice de março bateu em 9%, contra 9,9% em fevereiro. A violência, política e comum, está provocando um "boom" nas empresas de segurança. A Callguard diz que o primeiro trimestre do ano foram os três melhores meses de sua história. As companhias de seguros também estão felizes. Multiplicaram-se por dez as apólices cobrindo risco de desordens. Eram 15 por dia e passaram para 150 por dia, nas últimas três semanas. Até as Forças Armadas mudam de nome e de composição na nova África do Sul. Desde ontem, em vez de Forças de Defesa passam a chamar-se Força Nacional de Defesa. Agora, incluem, além dos brancos de antes, ex-guerrilheiros do Umkhoto we Sizwe, braço armado do CNA, e do Apla (Exército de Libertação do Povo da Azânia, nome africano do país), guerrilha do Congresso Pan-Africano.(CR)
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