São Paulo, quinta-feira, 28 de abril de 1994 |
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Para Lula, direção vai sair vitoriosa
CLÁUDIA TREVISAN
Ontem, antes de embarcar para Brasília, Lula previu que a versão final de seu programa de governo será "muito próxima" ao texto preliminar apresentado em março para discussão interna do partido. "O encontro aprovará tudo o que nós queremos e o que é bom para a campanha", afirmou o candidato petista. "Nós" significa a direção do partido e a coordenação da campanha, explicou. Lula não diz, mas "bom para campanha" é evitar que o programa tenha propostas radicais que afastem o eleitor. Para que sua expectativa se concretize, Lula terá que enfrentar as correntes consideradas de esquerda dentro do PT, que querem a radicalização de alguns pontos. Elas defendem, por exemplo, a decretação imediata da moratória da dívida externa e a anulação da privatização de empresas estatais. "Na nossa opinião, a Companhia Siderúrgica Nacional e a Usiminas (privatizadas) devem ser reincorporadas ao patrimônio público", diz Luiz Eduardo Greenhalgh, da corrente "Na Luta PT", da esquerda petista. O grupo de Greenhalgh também defende a moratória-já da dívida externa. Lula não aposta na aprovação de teses radicais. Em sua opinião, temas polêmicos como dívida externa, privatizações e reforma agrária "devem ficar como estão no programa (preliminar)". O programa prevê a renegociação da dívida e a auditoria dos contratos. A moratória é um recurso extremo para atingir objetivos como "romper resistências dos credores ao avanço do processo de negociação". No caso das privatizações, o programa estabelece a interrupção do Programa Nacional de Desestatização e a revisão dos leilões já realizados. As eventuais irregularidades identificadas pela revisão seriam comunicadas ao Poder Judiciário, que decidiria sobre a anulação ou não das vendas realizadas. Lula também enfrentará problemas nas propostas sobre aborto e homossexuais. Ele gostaria que o programa não fizesse a defesa dos dois temas e já manifestou essa posição ao presidente da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil, d. Luciano Mendes de Almeida. Há tendências do PT que defendem a descriminalização do aborto. Quanto aos homossexuais, a tendência é que o encontro retire do programa a previsão de união civil ("casamento"), mas mantenha a concessão de direitos previdenciários. Apesar das divergências, Lula está otimista: "tudo está dentro do previsto pela direção nacional. Não haverá guerra". Texto Anterior: PT não tem consenso sobre dívida externa Próximo Texto: Diretório Nacional analisa apoio a Tasso no CE Índice |
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