São Paulo, quinta-feira, 28 de abril de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Semana de quatro

CARLOS SARLI

Segunda-feira, para muita gente, é sinônimo de mau humor. Quantas pessoas não perdem boa parte do primeiro dia útil da semana resmungando: "nada rende", "as coisas não engrenam", "ontem tava tão bom, agora tô nessa roubada, segunda-feira é f...".
Já para um pequeno número de felizardos, muitas segundas querem dizer praias vazias, surfe sem "crowd" e paz de espírito. Tem até quem faça o fim-de-semana começar na sexta e só terminar na segunda. Para quem pode, congratulações. Para mim, já foi o tempo. Hoje, até para emendar um feriado tem sido difícil.
Este último, o do inconfidente mineiro, emendei e valeu. A quinta-feira abriu o feriadão de gala. A ondulação de sul, clean e consistente, quebrava com 1,5 m.
A sexta-feira melou o sonho de todo mundo. Para tristeza dos banhistas, nuvens carregadas encobriam o sol, e o mar ficou "flat".
No sábado, em Ubatuba, o Town & Country Vigor, circuito que define o campeão paulista de surfe profissional, parecia ter encomendado as ondas.
Vem domingo e a surpresa. O mar estava gigante. No litoral norte, Maresias "barrel" com 3 m, só dava para assistir. E em Ubatuba o endereço era certo: Itamambuca para ver os profissionais nas morras cabulosas.
O carioca Sérgio Noronha deu sorte na final surfando cinco ondas, três das quais abrindo. Peterson Rosa, tido como favorito pela performance que vinha apresentando, ficou em segundo.
Pedro Muller, mantendo sua fama de boas performances quando o mar sobe, ficou em terceiro. Renan Rocha, que vinha matando as baterias que disputava, não se achou na final. Pegou sua primeira onda aos 26min da bateria programada para 30. Ficou em quarto.
Aí veio a segunda-feira, e com ela aquela sensação de que Netuno e São Pedro conspiram no fim-de-semana. O dia amanheceu ensolarado, as ondas continuavam grandes, mas muito melhores. E tudo isso para poucos. Tem surfista que já não agenda nada importante às segundas para não correr o risco de perder o melhor do "fim-de-semana". O fogógrafo Paulo Vainer, o empresário Alfio Lagnado e o engenheiro Beto Takaoka são alguns dos que eventualmente fazem a semana de quatro dias úteis.
Para quem não pode, não bastasse ficar na inveja, pior é ouvir as histórias na terça-feira: "Tava demais, você perdeu..."

Texto Anterior: Vôlei masculino se despede com treino tático para Liga
Próximo Texto: São Paulo já tem novo presidente
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.