São Paulo, quinta-feira, 28 de abril de 1994 |
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Sepultura faz show mais pesado do ano A banda lotou o Olympia, anteontem em São Paulo MARCEL PLASSE
Foi o melhor show do Sepultura no Brasil. A mini-turnê de 92, que também fez tremer o Olympia, era mais furiosa, mas sem tanto foco. Sepultura decepou solos, acelerou a batida, encurtou músicas, acabou com as frescuras. O público reagiu com histeria beatlemaníaca. Gritos de "Sepultura, Sepultura" irrompiam a cada instante de silêncio entre as músicas. Teve "mosh" (pulos no meio da platéia) e "slam" (dança de chutes e empurrões). Mas só isso de violência. Não teve bandeira brasileira no palco, embora o público agitasse o símbolo do fã-clube (a bandeira nacional com o "S" de Sepultura no lugar das estrelas e da frase "Ordem e Progresso"). Nenhum incidente. No último bis, o vocalista Max Cavalera provocou: "Todo mundo curtindo o show numa boa, sem violência, pra mandar esse pessoal que acha que a gente é violento tomar no cu". O show iniciou às 22h15, após a abertura do grupo Korzus, ao som de sirenes. Igor Cavalera, um dos melhores bateristas em qualquer estilo –até no baião–, deu o toque de ataque com a introdução de "Refuse/Resist". Durante "Symptons of the Universe", do Black Sabbath, um cristal da luminária do Olympia sucumbiu aos decibéis e estourou. O thrash convencional dos primeiros discos morreu. As músicas não tem mais passagens lentas. É tudo massacre. E um pouco de baião. Atenção: o disco "Chaos A.D." misturou rock e brasilidade antes disso virar moda. Mesmo "velhas" músicas, como "Dead Embryonic Cells" e "Arise", que formaram o primeiro bis, foram violadas. O peso é grindcore, nome que a banda Napalm Death usa para a música mais violenta da Terra. Grind é o mesmo que thrash na Inglaterra. Core vem de hardcore, a mais acelerada forma de rock. Em suma, é punk metal: mais adrenalina, menos distrações (poses e solos). O final apoteótico reuniu as músicas mais rápidas numa jam: "Hear Nothing, See Nothing, Say Nothing", cover do grupo punk Discharge (com participação do guitarrista Marcos "Careca"), "Orgasmatron", do Motorhead, e "Polícia", dos Titãs (ambas com participação da banda Korzus). Em outubro, Sepultura volta para mais. Muito mais –15 shows. Texto Anterior: Greenaway confronta natureza e cultura Próximo Texto: 'A Luta Corporal' de Ferreira Gullar completa quadragésimo aniversário Índice |
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