São Paulo, sexta-feira, 29 de abril de 1994
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Matt Dillon retorna em drama e comédia

HUMBERTO SACCOMANDI
DE LONDRES

O diretor Anthony Minghella tentou fazer um filme do cotidiano. Nada se parece menos com a vida real, porém, do que o cinema quanto tenta imitar a vida real. Esse é o principal problema de "Um Amor de Verdade".
"O filme dá tempo para as pessoas se ocuparem do que realmente ocorre na vida cotidiana. Você tenta ligar para sua namorada, mas alguém está usando o telefone, e isso pode causar uma briga. As coisas são normalmente mais complicadas do que o cinema sugere", disse Minghella em entrevista exclusiva à Folha.
O diretor cita o neo-realismo italiano como referência. "Projetei 'Os Boas Vidas', de Fellini, para o elenco. Se fosse feito nos EUA, o filme trataria de um mau marido, um casal com problemas de relacionamento. Fellini fez um filme sobre um grupo de pessoas que se relacionam."
A comparação com o neo-realismo não é exata. Por trás do objetivo de retratar a vida real, aquele movimento do cinema italiano do pós-Guerra trabalhava com uma ideologia muito precisa. Falta, na crise ideológica dos anos 90, um objetivo ao filme de Minghella.
O diretor disse que sofreu restrições dos produtores norte-americanos. "Eles vetaram que houvesse mais cenas de trabalho. O público nos EUA quer se divertir no cinema. Quer histórias sobre pessoas que eles gostariam de ser. Não quer ver o seu cotidiano na tela." O filme teve uma recepção modesta nos EUA.
"Um Amor de Verdade" é o segundo filme de Minghella, que estreou com "Um Romance do Outro Mundo". Apesar de estreante no cinema, ele tem uma longa carreira como escritor para teatro, TV e rádio. Em 1986, recebeu da crítica teatral londrina o prêmio de melhor peça estreante por "Made In Bangkok".

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