São Paulo, sábado, 30 de abril de 1994
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Ex-PM é condenado por mortes no Pará

ANDRÉ LOZANO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM

O Tribunal do Júri de Belém condenou ontem, por unanimidade, o ex-policial militar José Ubiratan Matos Ubirajara, 26, acusado pelo assassinato dos irmãos José e Paulo Canuto, em 1990.
Ele também foi condenado por tentativa de homicídio contra Orlando Canuto, que sobreviveu à chacina. A juíza Yvonne Santiago Marinho, 57, aplicou pena de 50 anos de prisão pelos três crimes.
Os Canuto eram membros do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Rio Maria (PA). Foi o primeiro caso de assassinato político julgado naquele tribunal.
Ubirajara foi condenado a 19 anos para cada homicídio e a 12 anos pela tentativa de homicídio de Orlando. A sentença foi lida às 23h45. Os advogados de defesa afirmam que vão recorrer.
O Tribunal do Júri de Belém acatou integralmente a tese da acusação de que o ex-policial teve participação direta no crime.
Um dos advogados de acusação, Luiz Eduardo Greenhalgh, 46, disse, após a leitura da sentença, "que o resultado do julgamento teve uma dupla função.
A primeira, segundo ele, pedagógica "porque a Justiça se manifestou soberanamente. A segunda, diminuidora da violência, porque contraria o sentido comum da impunidade no país".
Greenhalgh e o advogado Egídio Sales Filho prestaram assistência ao promotor público Raimundo Renato Carvalho Maués.
Ubirajara negou ter tido participação direta nos crimes, mas admitiu ter ajudado os criminosos a atravessarem uma barreira policial, em troca de CR$ 20 mil.
Os testemunhos de Orlando Canuto e de José Ricardo Cabral confirmaram a participação do ex-PM. Orlando escapou da chacina porque conseguiu fugir, mesmo depois de ter recebido dois tiros.
Já Cabral estava na casa dos irmãos Canuto na noite em que eles foram sequestrados em sua casa pelos quatro assassinos.
A Federação Internacional dos Direitos Humanos (FIDH) vai encaminhar um relatório à Comissão de Direitos Humanos da ONU sobre o julgamento. O secretário geral da FIDH, Patrick Baudouin, acompanhou o julgamento.

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