São Paulo, domingo, 1 de maio de 1994 |
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Ex-prefeito denuncia uso de verba oficial na campanha de Fleury em 90 IGOR GIELOW IGOR GIELOW; AURÉLIO ALONSO
O ex-prefeito de Mirassol Edilson Garcia, 42, afirma ter aberto uma microempresa "fantasma", para obter recursos para a campanha eleitoral do governador Luiz Antonio Fleury Filho (PMDB), em 1990. A empresa "fantasma" (sem existência de fato) foi aberta com o nome de Transportadora Conejo. Segundo o ex-prefeito, a Conejo foi beneficiada com empréstimos da Nossa Caixa/Nosso Banco, que pertence ao governo de São Paulo. Os recursos eram repassados, segundo Garcia, da empresa para o pagamento de material de campanha e comícios do PMDB na região de São José do Rio Preto. Isso acontecia, segundo ele, a pedido do comando da campanha de Fleury. O banco autorizou empréstimo, conforme o ex-prefeito, no valor total de Cr$ 26 milhões para a microempresa "fantasma" de Mirassol. Essa forma de financiar a campanha de Fleury, de acordo com o ex-prefeito, foi utilizada em vários outros municípios do interior do Estado. Edilson Garcia, no entanto, diz que o esquema não foi um bom negócio para ele. "Eu fui um palhaço da campanha porque o Cláudio Alvarenga me prometeu sumir com a dívida junto à Caixa no fim da campanha", afirma. Alvarenga era o secretário de Governo da gestão Orestes Quércia (1987-91). Permaneceu no mesmo cargo, até o fim do ano passado, na administração Fleury. Hoje é conselheiro do TCE (Tribunal de Contas do Estado). O ex-prefeito afirma que o combinado seria o perdão da dívida depois das eleições. A dívida da microempresa "fantasma", porém, começou a ser cobrada em 14 de outubro de 1992. A Nossa Caixa recorreu à Justiça para cobrar o dinheiro dos empréstimos. O problema é que a Nossa Caixa está fazendo uma cobrança de uma empresa "fantasma", que não existe de fato. No cartório de Mirassol, não existe registro dessa empresa em nome de Garcia. A dívida da microempresa foi executada (cobrada na Justiça) depois de que o ex-prefeito saiu do PMDB, em 92. Ele rompeu com o partido após brigar com a família Fleury em Mirassol: o tio Olavo Fleury e o primo Fernando Vendramini, atual prefeito da cidade pelo PSD. Uchôa Em Uchôa (41 km a noroeste de São Paulo), Roberto Antonio Thomé, ex-gerente da Nossa Caixa da cidade, disse que o banco também era utilizado para financiar a campanha eleitoral. Thomé disse que a presidência e a gerência regional da Nossa Caixa obrigaram, em 1990, os gerentes da região a fazer empréstimos para prefeitos do PMDB. Os empréstimos tinham taxas de juro na ordem de 1,6% a 2% ao mês. A taxa para operações de crédito flutuava, na época, entre 12% e 14%. "As ordens vinham de São Paulo e do Palácio dos Bandeirantes", diz Thomé, demitido da Caixa acusado de fazer operações de crédito irregulares, em abril de 1991. "Não tive opção e não ganhei nada", afirma o ex-gerente. Texto Anterior: Série vai debater propostas dos candidatos para problemas do país Próximo Texto: Governo nega envolvimento Índice |
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