São Paulo, domingo, 1 de maio de 1994
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Por que a poupança pode ser boa opção

GABRIEL J. DE CARVALHO
DA REDAÇÃO

Deixar o dinheiro depositado em caderneta de poupança na virada para o real, prevista para 1º de julho, poderá ser uma boa opção financeira. Confira as razões.
O Banco Central quer evitar que, na transição para o real, haja grandes transferências de recursos de uma aplicação para outra ou para o consumo.
O governo não pode correr o risco de deixar desinteressante um ativo com depósitos de US$ 23,5 bilhões, mais de sete vezes todo o dinheiro no bolso do público e guardado na rede bancária.
Já foi decidido que não haverá poupança em URV porque, um mês depois da entrada no real, o rendimento se limitaria a 0,5%.
A TR (Taxa Referencial), hoje baseada na média dos juros dos CDBs (Certificados de Depósito Bancário) prefixados, será calculada pelo CDI (Certificado de Depósito Interbancário), cujas taxas são apuradas dia-a-dia. Isto já está previsto na medida provisória.
A poupança é isenta de impostos, ao contrário das outras aplicações, a maioria delas tributada sobre o rendimento que supera a variação da Ufir diária (ver quadro). A Ufir deverá ficar "congelada" a partir da nova moeda.
Desde a criação da TR, a poupança pode ser considerada uma aplicação prefixada. Você sabe quanto vai render com um mês de antecedência. Passará a pós-fixada.
Cada TR deverá ser composta pelas taxas diárias do CDI entre os "aniversários" das contas. O poupador só conhecerá o rendimento na véspera do crédito.
No primeiro dia do real, por exemplo, a TR ainda vai refletir os juros nominais dos 30 dias anteriores, ainda de inflação alta. Depois, na composição dos dias úteis da TR, sairá uma taxa diária alta e entrará outra bem mais baixa.
O rendimento nominal deverá cair gradualmente, mas isso não significará prejuízo. A TR simplesmente refletirá a transição dos juros numa inflação superior a 40% para algo próximo de zero.
Com a Ufir "congelada", o rendimento das aplicações sujeito à tributação tenderá a crescer. Para que a poupança não renda muito mais que as demais aplicações e o crédito em TR não seja muito onerado, a solução técnica será aumentar o redutor no seu cálculo.
Hoje, a TR reflete a média dos CDBs com um redutor de 1,2%. A elevação desse "expurgo" equalizaria a taxa líquida das aplicações.

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