São Paulo, domingo, 1 de maio de 1994 |
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Juro deverá desabar de 53% para 10% ao mês
JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
Com a inflação beirando os 50%, as taxas propostas podem ficar em 35%. Quem compra? É que estes títulos vão vencer ao longo de julho, mês da implantação do real, com inflação substancialmente menor. O fosso dos juros previsto pelo mercado é enorme. Algo como 53%, em junho, e entre 7% e 10%, em julho. "O BC terá que intervir para defender as operações prefixadas", diz Pedro Bodin, ex-diretor do BC e atualmente no banco Icatu. "É assim em qualquer parte do mundo", completa Ibrahim Eris, ex-presidente do BC. Para ele, o BC terá que mostrar diariamente o caminho de transição dos juros. "Se não fizer nada, ele terá problemas para vender títulos públicos". Nicola Tingas, economista do banco Norchen, diz que o problema não se reduz à grande diferença nominal dos juros. É consenso no mercado financeiro de que a inflação vai dar novo salto em junho. "O formador de preços deve procurar fazer uma margem adicional, quer porque o câmbio vai ficar fixo e o juro real será muito elevado, quer porque existe a expectativa de algum aquecimento do consumo", diz Tingas. O problema é determinar o grau de aceleração. Por isto, O BC poderá ser obrigado, além de intervir diariamente, a vender títulos públicos de prazo mais curto. Uma alternativa em estudo é a de lançar um título de curto prazo corrigido pela URV. Mas, neste caso, o mercado de CDB prefixado vai mesmo definhar na transição. Nas previsões do mercado, o juro real (acima da inflação) deve cair rapidamente depois de introduzida a nova moeda. "Não tenho qualquer ilusão. O plano está fortemente condicionado pela questão eleitoral", diz Amaury Bier, economista-chefe do Citibank. Mais recursos ficarão na conta corrente depois do real, prevê Cândido Bracher, do banco BBA Creditanstalt. Bodin espera que a quantidade de dinheiro em circulação duplique ou triplique em relação ao que é hoje (cerca de US$ 3,3 bilhões). Para impedir uma bolha de consumo, os analistas esperam juros muito elevados. "Um juro efetivo de, digamos, 9% ao mês para julho aguenta qualquer desaforo", diz Reinaldo Rios, do Unibanco. Ibrahim Eris acredita que o BC vai calibrar o juro nominal, não o real. "Ele terá que ser suficientemente alto para acomodar todas as expectativas". Texto Anterior: BOMBRIL; LLOYDS BANK; ANDIMA Próximo Texto: O fundão precisa acabar por decreto, afirma Eris Índice |
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