São Paulo, domingo, 1 de maio de 1994
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Senna desiste de treinar após o acidente

FLÁVIO GOMES
DO ENVIADO ESPECIAL

Logo depois do acidente de Ratzenberger, Ayrton Senna entrou num carro da organização da corrida e foi até a curva Villeneuve, onde o austríaco bateu.
Conversou com comissários e viu os destroços do Simtek ao lado da pista. Voltou aos boxes e decidiu não treinar mais.
Senna larga na pole-position do GP de San Marino com o tempo de sexta-feira, 1min21s548. É sua terceira pole no ano e 65ª na carreira.
A Williams, a Benetton e a Sauber se negaram a voltar à pista após o acidente. O piloto alemão Heinz-Harald Frentzen, da Sauber, era o mais abalado com a morte de Ratzenberger.
Frentzen era amigo de Roland desde os tempos em que eles corriam juntos na F-3000 japonesa.
Christian Fittipaldi, da Arrows, foi um dos que voltou ao treino quando o circuito foi liberado. "A decisão é pessoal. Os que não voltaram já tinham boas colocações. Acho que se não fosse assim eles voltavam. O que aconteceu com o Roland é algo que pode acontecer a todos nós. Ninguém vai parar de correr por causa disso."
Christian melhorou seu tempo e sai na 16ª colocação hoje.
Gerhard Berger, da Ferrari, foi um dos que colocou em dúvida o futuro de sua carreira. Foi o único que foi à entrevista coletiva obrigatória dos três primeiros no grid.
"Depois do que aconteceu com Rubens ontem, eu cheguei a pensar em parar. Por causa do risco. Ele esteve muito perto da morte. Hoje, vi o acidente de dentro do meu carro, no monitor."
Berger contou que ao ver o corpo de Ratzenberger sendo retirado do carro, saiu de seu cockpit e foi para o motorhome.
"Me sentia doente, não porque ele é austríaco como eu, mas porque pela primeira vez fiquei muito abalado. Pensei: volto ou não? Mas a questão não era saber se voltava naquele momento ou não. A questão era: continuo a correr?"
(Flavio Gomes)

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