São Paulo, domingo, 1 de maio de 1994
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Tragédia provoca consternação e revolta

FLÁVIO GOMES
DO ENVIADO ESPECIAL

A morte de Ratzenberger despertou revolta em alguns veteranos, consternação entre os pilotos em atividade e uma tristeza absoluta, principalmente entre os mecânicos de todas as equipes.
Clay Regazzoni, 54, que está numa cadeira de rodas desde 1980, quando perdeu o freio de seu Ensign no GP dos EUA/Oeste, era um dos mais revoltados.
Disse que a FIA deveria ser "criminalmente responsabilizada pelo que aconteceu". Para Regazzoni, os carros de F-1 hoje são "máquinas de morte".
"Os carros são muito velozes. Se perdem um centímetro da asa ficam fora de controle", falou.
O ex-piloto afirmou que "os pilotos também são responsáveis. Eles se calam. Quando eu corria, em Monza, sem chicanes, nossa média era de 240 km/h. Hoje, com quatro chicanes, é de 250 km/h."
Para o suíço Regazzoni, os pilotos deveriam fazer greve e não correr hoje. "Fizemos isso em Barcelona uma vez", contou.
Naquela corrida, cinco espectadores foram mortos pela Lola de Rolf Stommelen no circuito de rua de Montjuic. Alguns, como Regazzoni e Emerson Fittipaldi, recusaram-se a correr por motivos de segurança.
"Não vejo mais nada de esporte nisso aqui. É só dinheiro, negócio. Usam tecnologia espacial para fazer os carros, mas de que adianta isso? Corremos na Terra, não na lua", disse Regazzoni.
Ratzenberger era pouco conhecido dos demais pilotos da F-1. J.J. Lehto, da Benetton, era um de seus melhores amigos. Veio de Mônaco, onde os dois vivem, no mesmo carro que o austríaco. Não conseguiu falar nada.
Johnny Herbert, da Lotus, lembrou que Roland foi até mecânico na Inglaterra antes de começar a correr. "Perdemos um bom amigo", resumiu.
(FG)

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