São Paulo, domingo, 1 de maio de 1994
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Lipman desenvolve método para crianças de rua

BERNARDO CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL

No início, a aceitação do método criado por Matthew Lipman no Brasil foi maior em escolas com uma visão mais aberta da educação, em geral particulares.
Aos poucos, o projeto foi sendo introduzido na rede estadual e cumprindo sua vocação mais social. Hoje, nos EUA, Lipman está desenvolvendo um programa adaptado para menores de rua.
O método está centrado em textos de ficção, onde personagens vivem situações que os levam a pensar sobre certos conceitos e situações. "Estamos tentando trazer a filosofia para o primeiro grau em toda a sua integridade. O método –se tivermos que usar esse termo– diz respeito à investigação", diz Ann Margaret Sharp, do Institute for the Advancement of Philosophy for Children.
O programa consiste de sete livros, que acompanham o aluno da pré-escola ao segundo grau. "No Brasil, até agora, temos apenas três livros adaptados: `Issao e Guga', `Pimpa' e `A Descoberta de Ari dos Telles'. Cada um deles enfatiza uma área do conhecimento e da filosofia, que pode ser ecologia, percepção do mundo, filosofia da ciência etc.", diz Ana Luiza Falcone, diretora do Centro Brasileiro de Filosofia para Crianças, formada em filosofia pela PUC.
"Elfie" (pré-escola e primeira série) trata do próprio pensamento e da realidade; "Issao e Guga" (primeira, segunda e terceira séries), de questões relacionadas à natureza; "Pimpa" (terceira, quarta e quinta séries), do significado da linguagem; "A Descoberta de Ari dos Telles" (quinta e sexta séries), da lógica; "Luíza" (sétima e oitava séries), da ética; "Suki" (segundo grau), da estética; e "Mark" (segundo grau), de filosofia política e social.
Os livros são adaptados pelo CBFC e editados pelo Yázigi. "Não há figuras, justamente para incentivar a imaginação. As ilustrações acabam estereotipando certas imagens e o pensamento criativo", diz Falcone.
Cada história tem um manual específico para uso do professor. "O professor tem que mudar de postura. Ele não detém mais o saber. A idéia é que as crianças dêem as razões do que afirmam e o grupo vai checar se são boas razões. Na filosofia não há apenas uma razão. Você precisa criar crianças que não aceitem afirmações passivamente. Isso melhora muito a auto-estima delas", diz Falcone.
(BeC)

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