São Paulo, domingo, 1 de maio de 1994
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Primeiros resultados favorecem os brancos

CLÓVIS ROSSI
DO ENVIADO ESPECIAL

Depois de todo o pesadelo logístico que foi a primeira eleição livre e multirracial na África do Sul, também a apuração começou ontem em meio a uma série de confusões, inclusive quanto aos primeiros resultados divulgados.
Por volta de 22h (17h em Brasília), mais de 14 horas após o início da apuração, apenas 30 mil votos (entre estimados 22,7 milhões de eleitores) haviam sido contados.
Na província do Cabo Ocidental, justamente uma das raras praças-fortes do Partido Nacional, do atual presidente Frederik de Klerk, o PN aparecia com quase o triplo dos votos do CNA de Mandela (7.071 contra 2.776).
Em seguida, vinha a Frente da Liberdade, único grupo de extrema-direita a participar do processo. Teve apenas 304 votos.
O resultado provincial nada representa, pois os brancos e os mestiços (que tendem para o Partido Nacional) superam de longe os negros no eleitorado provincial (1,2 milhão de mestiços e 664 mil brancos para apenas 442 mil negros).
Na verdade, os primeiros números foram divulgados mais para aplacar a pressão por alguma informação do gênero, em face da enorme lentidão na apuração.
A Comissão Eleitoral Independente (CEI, o tribunal eleitoral sul-africano) achou prudente fazer primeiro o que chamou de "reconciliação".
O procedimento consiste em checar se o número de urnas que chegavam aos locais de apuração combinava com o número de urnas esperado.
Sábia providência: na localidade de Empangeni, na costa norte da província de Natal, apareceu o que a TV local batizou de "urnas informais", ou seja, urnas não-oficiais, mas prenchidas com cédulas oficiais.
Em outras localidades, houve registro de urnas parcialmente abertas antes de o lacre ser rompido pelas autoridades eleitorais competentes.
(CR).

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