São Paulo, domingo, 1 de maio de 1994
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Cumprir lema de campanha é o desafio do CNA

CLÓVIS ROSSI
DO ENVIADO ESPECIAL

Às dificuldades no território racial, some-se a questão social, entrecruzada com a racial, aliás.
Essa massa vai pretender que a hegemonia política agora conquistada seja rapidamente sinônimo de "uma vida melhor para todos", tal como anuncia o slogan do CNA.
A cúpula do partido confia em que o seu enfoque gradual será entendido pelas massas.
Mas haverá inevitáveis pressões para que o novo governo funcione como uma espécie de Robin Hood racial. Ou seja, tire dos brancos ricos para dar aos negros pobres.
Reage Mandela: "Lutei contra a dominação branca quase tanto como lutei contra a dominação negra. Seremos uma só nação", afirma.
Mas o grupo de esquerda Congresso Pan-Africano já anuncia o início de uma nova etapa de luta, agora pela devolução das terras tomadas dos negros pelos brancos durante o apartheid.
Calcula-se que 3,5 milhões de pessoas teriam direito a apresentar reivindicação formal ante uma corte especial prevista na Constituição provisória.
Como 57,3% da população negra vive na área rural, a questão da terra tende a ser o primeiro ponto na agenda do novo governo.
A partir da posse, dia 10, se poderá saber se a África do Sul será mesmo uma só nação ou outro grande conflito tribal e político.
(CR)

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